quarta-feira, 31 de março de 2010

Cinema 2011: Parte 2

E como não funciono a todo o vapor o tempo todo, demorei-me um pouco mais nesta parte... Espero que valha a pena. Aqui vai então a segunda parte dos filmes de 2010/2011. Nesta parte contemplo os filmes que estiveram em exposição nos Festivais de Berlim e de Sundance, filmes de prestígio fora de cogitações para Óscar (muito provavelmente) e filmes tipicamente Oscarizantes (pronto, acabei de inventar uma palavra). Claro que aqui nos filmes Oscarizantes não vão constar alguns títulos, porque esses vão estar no meu top 25. Mas vamos em frente. Decidi separar individualmente cada um dos filmes, tava a tornar-se difícil discerni-los em categorias. Relembrar ainda que não tenho aqui TODOS os filmes deste ano. Há alguns títulos que me escaparam e há, como é óbvio, sempre filmes que eu não estava a contar que tivessem tanto apoio como o que possivelmente virão a ter na corrida a Óscares.


127 Hours

Danny Boyle, que nem há dois anos limpou a cerimónia dos Óscares com Slumdog Millionaire, ganhando 8 das 10 nomeações que possuía, está de volta com 127 Hours, que tem como protagonistas Amber Tamblyn e James Franco. O filme fala da história de Aron Ralston e da sua magnífica escalada no Utah em 2003. Pode lutar por prémios? Muito provavelmente não, no entanto se a interpretação de Franco for boa (ele que ainda por cima tem mais dois filmes interessantes a sair este ano) pode entrar na luta por Melhor Actor. Se o filme for muito bom podemos de facto ver várias nomeações a aparecer. Uma que não me chocaria seria sem dúvida a de Dod Mantle pela fotografia, ele que ganhou o Óscar em 2008 e o ano passado foi roubado de uma nomeação por Antichrist.


3 Backyards

Saiu de Sundance com o prémio de Melhor Realizador e conta no elenco do filme com Edie Falco e Elias Koteas. Não deverá estar na luta por prémios mas é de facto um filme muito interessante a ver. O filme basicamente relata a forma como rapidamente os segredos de pessoas aparentemente normais vêem à baila e mudam tudo.


Ágora

Tinha que o mencionar aqui porque vai a competição nos Estados Unidos só este ano. Nós fomos priveligiados por vê-lo aqui já em 2009 mas só poderemos saber qual a sua potência para ganhar prémios depois de estrear lá. Tem tido críticas muito divisivas por isso vai-se lá saber. Mas o que é certo é que se aqueles cenários e aquele guarda-roupa não forem premiados, é uma injustiça. Para quem não viu o filme, é do realizador Alejandro Amenabar e é protagonizado por Rachel Weisz.




Alice in Wonderland

Há muito tempo que já estreou por todo o mundo, o novo filme de Tim Burton é interessante, adapta de forma engraçada um livro recente baseado na história muito antiga de Lewis Carroll e tem efeitos porreiritos, mas tirando os efeitos visuais ou a direcção artística e guarda-roupa, não vejo por onde mais lhe pegar. Aconselho a ver toda a gente, mas não é lá grande filme.


All Good Things

Do realizador Andrew Jarecki e protagonizado por Ryan Gosling e Kirsten Dunst, esta é uma história de amor que se passa numa família de elite nova-iorquina nos anos 80. Do elenco constam ainda Jeffrey Dean Morgan, Kristen Wiig e Frank Langella. Aparentemente, diz-se por aí que tem bastante potencial, mais não seja para uma nomeação para um dos actores secundários. Ou então para potenciar a nomeação de Gosling por Blue Valentine.


Animal Kingdom

Nunca se desconta um filme com Guy Pearce. Animal Kingdom, de David Michod, ganhou em Sundance o Grand Jury Prize - World Cinema e já foi comprado pela Sony Pictures Classics, o que denota desde logo grande potencial para prémios, mais não seja os Indie Spirits.


Barney’s Version

Este pode ir para qualquer um dos lados: pode ser um grande flop ou uma autêntica surpresa. O elenco tem Giamatti, Hoffman, Pike, Driver, Speedman e Lefevre. A realização está por conta de Richard J. Lewis, o produtor de C.S.I. e o argumento, a história da vida do politicamente incorrecto Barney Panofsky, é de Michael Konyves. A ver no que dá.


Betty Anne Waters

Este filme tresanda a Óscar. Hilary Swank no papel de mãe solteira, que desistiu da escola e que está a trabalhar para poder pagar o seu curso de Direito, que é obrigada a salvar o seu irmão (Sam Rockwell) que foi injustamente condenado à morte? Erin Brokovich, anyone? Bem, a não ser que isto seja outro Amelia, esta é garantidinha a terceira nomeação de Hilary Swank. Juliette Lewis, Melissa Leo, Peter Gallagher e Minnie Driver também participam no filme. O realizador do filme é Terry Goldwyn.


Blue Valentine

Este filme recebeu críticas brilhantes em Sundance e pôs Ryan Gosling e Michelle Williams num pedestal, no que à luta por nomeações para Melhor Actor e Actriz diz respeito. Os elogios às interpretações são tantos que uma pessoa até fica atordoada. A compra do filme pela Weinstein Co. manifestamente diz-nos que vão dar trabalho aos outros competidores pelas vagas. Uma coisa é certa, parece mesmo que esta bela história de um casal, que é contada a dois passos, inicialmente quando se apaixonam e mais tarde, quando o amor acaba (o filme tirou um interregno de alguns anos para permitir que os actores envelhecessem para dar realismo à história), realizada por Derek Cianfrance, vai ser dos destaques do ano.


Brighton Rock

Realizado por Rowan Joffe, este filme, que já teve Carey Mulligan inserida no projecto mas que depois desistiu para poder fazer Wall Street 2, é a adaptação de um romance de 1939 de Graham Greene e conta com John Hurt, Helen Mirren, Sam Riley e a substituta de Mulligan, Andrea Risenborough, nos principais papéis. É um dos quatro filmes que podem valer a Helen Mirren a sua quarta nomeação para Óscar.


Burlesque

Que vai ser isto, pergunto eu: um musical relevante ou um flop irrelevante? Christina Aguilera, Cher, Kristen Bell e Stanley Tucci são as estrelas de Burlesque, realizado por Steve Antin. Como ainda está muita coisa no segredo dos Deuses, vou listá-lo como potencial caçador de prémios, mas quanto a mim parece-me inevitavelmente mais um flop na categoria musical.


Casino Jack

Este está aqui na lista muito à custa da interpretação do seu actor principal, Kevin Spacey, de quem se dizem muito boas coisas. Realizado por Hickenlooper, conta a história de Jack Abramoff. Deve fazer a sua estreia em Cannes.




Chlöe

Atom Goyan consegue juntar, neste thriller, Julianne Moore, Liam Neeson e Amanda Seyfried. É preciso mais alguma razão para querer assistir? Já esteve em dois festivais este ano.


Cyrus

Rodou em Sundance e obteve boas críticas, em particular para as interpretações de Marisa Tomei e Catherine Keener. Além delas, o elenco conta com John C. Reilly que é o protagonista e Jonah Hill que interpreta a personagem que dá o nome ao filme, entre outros. Realizado pelos irmãos Dupass, esta comédia conta a história de um divorciado que, tendo desistido de procurar o amor, descobre a mulher da sua vida, só para descobrir que esta já tem um homem na sua vida - o seu filho, Cyrus.


Due Date

Após o sucesso de The Hangover, Todd Philips junta Jamie Foxx, Robert Downey Jr. e Michelle Monaghan ao brilhante Zack Galifianakis na sua nova comédia, Due Date, que conta a história da viagem de um pai que parte em viagem pelo país na esperança de chegar a casa antes do seu filho nascer.




Eat, Pray, Love

Este filme resume-se a uma única coisa: Julia Roberts. Se isto for para submissão a Óscar, ela (e possivelmente o argumento) são as grandes possibilidades deste filme. E ainda por cima estamos a falar de Julia Roberts alegre, de sorriso contagiante, a viajar pelo mundo todo e a ensinar-nos a comer, a aproveitar, a amar. E no elenco temos ainda Viola Davis, James Franco, Richard Jenkins e Javier Bardem. Realizado por Ryan Murphy, criador de Glee e de Nip/Tuck.


Fair Game

Thriler político de acção com Naomi Watts e Sean Penn, parece-me que vai ser um dos grandes candidatos a Óscar (pelo menos as interpretações dos actores vão ser tidas em conta). Conta a história de Valerie Plame. É realizado por Doug Liman.


Fish Tank

Protagonizado por Michael Fassbender e por Katie Jarvis e realizado e escrito por Andrea Arnold, conta a história mil vezes ouvida e repetida do duro crescimento de um adolescente. É um filme de 2009 mas que só chega aos cinemas mundiais este ano, já ganhou o BAFTA para Melhor Filme Britânico do ano (ganhando a filmes como In The Loop, An Education, Nowhere Boy e Moon!) e espera-se mais boas críticas para o filme.


Get Low

Esteve em Toronto, onde ganhou grande "buzz", em particular para a interpretação de Robert DuVall, de quem se dizia que era o grande favorito para a corrida deste ano, e de Bill Murray, que poderia ter grandes hipóteses como actor secundário. Além destes, Lucas Black e a grande Sissy Spacek compõem o elenco principal deste filme realizado por Aaron Schneider. Esteve para ser lançado ainda o ano passado mas a Sony Pictures Classics não quis arriscar, uma vez que já Jeff Bridges ia arrancando a todo o vapor.


Greenberg

Este filme de Noah Baumbach pode ser um dos candidatos para Argumento Original mas mais que isso, não me parece. Do elenco constam Jennifer Jason Leigh, Rhys Ifans, Brie Larson e os protagonistas Ben Stiller e Greta Gerwig, de quem se dizem coisas interessantes. Com uma estreia bem cedo no ano (já estreou nos Estados Unidos), será que vão aguentar até Janeiro?


How Do You Know?

Filme realizado por James L. Brooks, que vai de vez em quando acertando com os Óscares (Tearms of Endearment, As Good as it Gets) e de vez em quando produzindo cada flop (Spanglish), conta com Reese Witherspoon como protagonista, acompanhada por Paul Rudd, Owen Wilson e (possivelmente, ainda não confirmado) Jack Nicholson. A pergunta que se impõe é: vamos ter mais do primeiro... ou do segundo?


Howl

A história do poema proibido de Allen Ginsberg chegou também a Sundance, onde críticas muito positivas foram ouvidas acerca da performance de James Franco. Com outros nomes conhecidos como Jon Hamm, Jeff Daniels, Alessandro Nivola, Mary Louise Parker e David Strathairn, este filme promete.




I Am Love

Principal (talvez único) motivo de interesse deste filme: Tilda Swinton. Desta feita e depois do enorme roubo que foi não ter GANHO o Óscar por Julia o ano passado, ela representa a matriarca de uma nobre família italiana que decide explorar a sua sexualidade e que se apaixona perdidamente pelo homem errado.


I’m With Cancer

Um retrato fascinante e diferente do habitual sobre o cancro, baseado num livro autobiográfico que tem vendido muitas cópias em todo o globo, conta a história de um rapaz de 25 anos que descobre que tem a doença. Anna Kendrick, Joseph Gordon-Levitt, Bryce Dallas Howard e Seth Rogen são os actores principais desta história, distribuída pela Summit Entertainment.


Jane Eyre

Mais provável sair em 2011 do que ainda este ano, Mia Wasikowska (de Alice in Wonderland) protagoniza este filme (que inclui também Judi Dench, Sally Hawkins, Michael Fassbender e Jamie Bell) que é uma adaptação do romance de Charlotte Brontë. Realização de Cary Fukunaga (Sin Nombre).


Knockout

Steven Soderbergh, que quer voltar aos tempos áureos de Traffic e Erin Brokovich (The Informant! foi excelente, mas não foi de encontro aos gostos da Academia), junta-se agora a Dennis Quaid, Michael Douglas, Michael Fassbender, Bill Paxon, Ewan McGregor, Channing Tatum e a Gina Carano, a sua protagonista, no seu novo filme Knockout, que provavelmente só chegará até nós em 2011 (no IMDb diz que é para 2011 mas ele próprio deu uma entrevista há dias que dizia estar a apressar a produção porque tem Contagion para sair em 2011). A premissa do filme é bastante simplista, trata do relato de uma agente secreta do Exército que é atraiçoada durante uma missão e que portanto busca vingança.


Last Night

Com Sam Worthington, Eva Mendes e Keira Knightley, Massy Tadjedin conta a história de um casal cuja relação está a deteriorar-se e que é tentado numa altura em que ambos se encontram separados, porque o marido parte numa viagem de negócios com uma colega por quem está atraído. Entretanto, a sua mulher também encontra um namorado do passado. Parece interessante. Será pelo menos engraçado ver se Worthington se safa num género em que ele não está à vontade (ele que só se tem visto em filmes de acção).


Leaves of Grass

Edward Norton e Lucy DeVito são os protagonistas desta comédia de acção que era originalmente para estrear em 2009. Dizia-se que a interpretação de Norton era suficiente boa para ser tida em consideração para a corrida aos Óscares e portanto decidiu-se adiar o filme para este novo ano, mas entretanto a coisa correu mal e todo o buzz que tinha esgotou-se. De qualquer forma, o filme, de Tim Blake Nelson, conta a história de um professor universitário que volta a casa, a Oklahoma, e que se junta ao seu irmão gémeo para derrotar um magnata da droga local.


Let Me In

Remake do estupendo filme sueco de 2008, Let The Right One In. Thomas Alfredson foi quem realizou a versão sueca. Matt Reeves é o seu homónimo americano. Chlöe Moretz e Kodi Smith-McPhee foram os escolhidos para interpretar os protagonistas. Sinceramente, com um filme saído há dois anos tão excelente, gostava de entender a necessidade deste remake.


Love Ranch

Adiado de 2009, este filme de Taylor Hackford, marido da protagonista (e principal motivo de interesse do filme) Helen Mirren, fala de um casal que instituiu o primeiro bordel legalizado do estado de Nevada. Joe Pesci é o outro membro do casal. Parece um projecto interessante, com grandes possibilidades - se o produto final for bom. Taylor Hackford poderá estar de volta ao Kodak depois de Ray?


Meek’s Cuttoff

De Kelly Reichardt, com Paul Dano, Michelle Williams, Shirley Henderson, Zoe Kazan, Will Patton e Bruce Greenwood, o filme conta a história de três famílias que contratam Stephen Meek, um montanhês local, para que ele os guie através das Cascade Mountain no Oregon Trail, corria o ano de 1845. Obviamente que eles se perdem e por isso atravessam uma longa batalha contra a fome, a sede, o frio e contra eles próprios para sobreviver.


Morning Glory

Realizada por Roger Michell e protagonizada por Jeff Goldblum, Patrick Wilson, Harrison Ford, Diane Keaton e Rachel McAdams, esta comédia sobre um programa matinal que está com problemas em se manter no ar, pode ter grande potencial para Óscar mas também pode não se aguentar, até porque estreia muito cedo (Julho) no ano. Vai ter que ser de facto muito bom para chegar até Janeiro com os seus poderes e virtudes intactas.


Mother and Child

Annette Bening, Kerry Washington e Naomi Watts são as três protagonistas desta história original de Rodrigo García que gerou aplausos em Sundance e em Toronto. Tão boas críticas foram que Bening e Watts podem ter boas hipóteses de serem nomeadas pelos seus papéis.




My Own Love Song

Originalmente marcado para estrear em 2009, este filme que conta com Forrest Whittaker, Nick Nolte e Renée Zellweger nos principais papéis foi adiado para este ano. Pelo que se tem visto e dito sobre o filme, é preciso ter cuidado com Zellweger na corrida este ano. Tem todo o ar de ser uma interpretação perfeita para Óscar. Mãe que abandona o filho enquanto jovem que depois tem acidente e fica em cadeira de rodas (e perde a alegria de viver, apesar de cantar maravilhosamente) e que depois parte numa viagem com um desconhecido que tem problemas mentais para ir procurar o filho? Tudo a ver com o que os Óscares querem!


Never Let Me Go

Protagonizado por Carey Mulligan, Andrew Garfield e Keira Knightley e ainda com Andrea Riseborough, Sally Hawkins e Charlotte Rampling no elenco, este novo filme de Mark Romanek promete. É um drama com muito suspense adaptado por Alex Garland e baseado no romance de Ishiguro, cujo enredo anda à volta de um grupo de três amigos que cresceram juntos e que descobrem segredos do seu passado que vão influenciar o seu futuro. O filme tem imenso potencial e é capaz mesmo de ter um grande número de nomeações, a mais gritante das quais a de Carey Mulligan para Melhor Actriz, que aparece em tudo o que se tem ouvido falar sobre o filme.


Nowhere Boy

Sam Taylor Wood decide contar, em Nowhere Boy, a história da infância de um dos maiores ícones mundiais, o lendário músico John Lennon. Kristin Scott-Thomas, Aaron Johnson, Anne-Marie Duff e David Morrisey fazem parte do elenco deste muito bom filme (rezam as críticas) que foi nomeado para quatro BAFTAs e que vai ser distribuído nos Estados Unidos pela Weinstein Co.


Paul

Depois de realizar Superbad e Adventureland, Greg Mottola pega no argumento escrito pela magnífica parceria Simon Pegg - Nick Frost e vai realizar Paul, a história de dois nerds de BD que viajam para os Estados Unidos e encontram um extraterrestre na Área 51. Seth Rogen, Jane Lynch, Kristin Wiig, Jason Bateman, Bill Heder e Jeffrey Tambor compõem o elenco que se junta aos dois protagonistas, os acima-mencionados Frost e Pegg. Querem melhor que a bela escola do humor britânico misturada com o pragmatismo da escola do humor americano? Veremos o resultado.





Please Give

Estreou em Sundance com críticas simpáticas, tem um elenco interessante (Rebecca Hall, Catherine Keener, Oliver Platt, Amanda Peet), parece um daqueles filmes independentes engraçadotes, uma típica comédia-drama "feel-good", mas não deve ir muito além disso. Não tem potencial para andar à caça de prémios, à excepção talvez dos Indie Spirits. Realizado por Nicole Holofcener, fala da vida rotineira de uma família e em particular da mulher dessa família (Keener) que se encontra a passar por uma crise existencial de como ser uma boa pessoa neste mundo em que a pobreza, a solidão e a depressão estão sempre a bater-nos à porta. Este filme parece, sobretudo, ser uma introspecção bastante engraçada aos problemas que nós debatemos na nossa cabeça todos os dias.


Rabbit Hole

Este é o novo filme de John Cameron Mitchell. Conta com Nicole Kidman, Aaron Eckhart e Dianne Wiest nos principais papéis (particularmente Kidman parece ser uma das grandes favoritas ao Óscar, com este papel) e é baseado numa peça da Broadway que ganhou diversos prémios. Fala de um casal que tenta voltar ao normal depois de lhes ter morrido um filho. Vai ter de deixar uma impressão bem funda nas mentes das pessoas para lhe ser dada atenção quando chegar à altura de votar.





Robin Hood

Para falar de Robin Hood basta dizer: Ridley Scott e Russell Crowe. Bem, deixem-me juntar: Cate Blanchett. E mais uma coisa: é o filme que vai abrir Cannes 2010. É preciso dizer mais? Toda a gente conhece a história. Tem é todo o ar de ser a "sequela" de Gladiator. Para bem de todo o mundo, espero que não. Será candidato aos Óscares? É um projecto bastante alternativo e como tal vamos ter que esperar para ver o que é o que filme vai realmente ser.





Salt

O show de Angelina Jolie? Este thriller de acção de Phillip Noyce foi escrito para Tom Cruise protagonizar mas modificado para que Jolie o pudesse interpretar, depois de Cruise ter desistido para fazer Knight and Day. O filme conta a história da super-espiã e agente da CIA Evelyn Salt (Jolie) que está a monte depois de ter sido acusada de múltiplos crimes que não cometeu. Pode ser um candidato a Óscares? Não creio, apesar de nos prémios técnicos ter algumas possibilidades (fotografia, banda sonora, edição e mistura de som, entre outros).


Secretariat

Ainda se lembram de 2003 e de Seabiscuit ter sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme (7 nomeações no total)? Pois bem, parece que as histórias de cavalos de corrida voltam a estar na moda. E esta história é ainda mais famosa - e aparentemente mais enternecedora - que a de Seabiscuit. É a história do fabuloso cavalo Secretariat, que pode dar nomeações para John Malkovich e Diane Lane, os protagonistas da história. Principal desvantagem: o filme é da Walt Disney, por isso nunca se sabe qual vai ser o resultado final.


Selma

Depois de Precious, eis que Lee Daniels está de volta, uma vez mais com Lenny Kravitz mas com Hugh Jackman e Robert De Niro a dar peso ao elenco, com este filme, Selma. Selma é o nome da cidade no Alabama onde a segregação racial atingiu o seu pior estado e foi por causa dos actos de violência que aí se passaram que o presidente de então, Lyndon Johnson, assinou o Civil Rights Act. Começa a filmar em Maio, o que leva a sugerir que este será um filme só para 2011 e deverá estrear em Sundance, como Precious, mas como se diz que estará mais acelerado do que parecia inicialmente, poderá estrear limitado em Dezembro.


Shutter Island

Nem preciso de dizer muito mais de Shutter Island. Novo filme de Martin Scorcese, nova colaboração com DiCaprio, tem ainda no elenco Mark Ruffalo, Emily Mortimer, Michelle Williams, Patricia Clarkson, Max von Sydow e Jack Earle Haley, é um bom filme e tivesse estreado mais tarde em 2010 ou então em 2009 poderia ter sido um candidato. Como foi... as suas hipóteses estão praticamente arruinadas. Pode ser nomeado para um ou outro premiozito, mas ganhar... está fora do seu alcance.~


Stone

Realizado por John Curran (The Painted Veil), escrito por Angus MacLachlan (Junebug), este thriller sobre um condenado que busca a sua liberdade condicional e que para tal entrega a sua mulher nas mãos do seu advogado, que tem Robert De Niro, Edward Norton, Frances Conroy, Mila Jokovich e Enver Gjokaj nos principais papéis, parece-me muito interessante. Será que vai lutar por prémios? O tempo o dirá.


Sympathy for Delicious

Primeiro filme realizado por Mark Ruffalo, conta a história de um DJ que fica paralisado e que busca na fé a superação do seu estado físico, estreou em Sundance com boas críticas para a interpretação do próprio Mark Ruffalo (que parece vir a ter um excelente ano de 2010) mas também de Orlando Bloom, Laura Linney e Juliette Lewis.


Tamara Drewe

Este filme não vai, muito provavelmente, estrear ainda em 2010, mas coloquei-o aqui na lista porque muitos críticos e sítios da Internet acreditam que o filme vai estar pronto a tempo da corrida deste ano. Se ficar, é um dos potenciais grandes concorrentes. Realização a cargo de Stephen Frears, elenco composto por Gemma Arterton, Dominic Cooper e Roger Allam, entre outros, com banda sonora do grandioso Alexandre Desplat e com guarda-roupa da magnífica Consolata Boyle. Baseado na BD de Posy Simmonds, este filme segue a protagonista, de seu nome Tamara Drewe, que volta à sua aldeia rural depois de muito tempo na grande cidade, incitando diversas paixões entre os locais.


The Beaver

Jodie Foster volta a realizar um filme, com Mel Gibson a protagonizar esta história de um homem que anda no seu dia-a-dia, fruto da sua depressão, com um fantoche na sua mão e fala com ele, como se de uma criatura viva se tratasse. Além de Gibson e de Foster (que também tem um papel no filme), o projecto envolve Anton Yelchin e Jennifer Lawrence.


The Debt

John Madden (Shakespeare in Love) é o realizador deste The Debt, que conta com um elenco interessante (Sam Worthington, Helen Mirren, Jessica Chastain, Tom Wilkinson, entre outros), com um argumento potente (fala de três agentes da Mossad que em 1965, 20 anos após o fim da II Guerra Mundial, descobrem que ainda existe um criminoso da era Nazi à solta e então eles partem em sua perseguição pela Europa) e com algumas possibilidades de se tornar um dos candidatos da corrida este ano.


The Details

Comédia de humor negro realizada por Jacob Aaron Estes (Mean Creek) e com um elenco com grandes nomes (Elizabeth Banks, Tobey Maguire, Ray Liotta, Laura Linney, Dennis Haysbert, Anna Friel e Sam Trammell), não me parece que tenha grande potencial para ser candidato a honras e prémios no final do ano mas acredito que possa ser das grandes surpresas desta época. A história começa numa família que tem problemas com guaxinins no seu jardim e estes problemas despoletam toda uma cascata de problemas e discussões que estavam em stand-by até ao momento do aparecimento dos guaxinins. Tudo isto vai levar a mais consequências hilariantes que nos mostram o lado negro de cada um dos personagens e que nos servem de reflexão para a forma como abordamos muitas vezes as pessoas e os problemas no nosso dia-a-dia.


The Eagle of the Ninth

Este género de filme sugere grande potencial para Óscar, pelo menos no que a prémios técnicos diz respeito: guarda-roupa (Michael O'Connor), banda sonora, fotografia (Anthony Dod Mantle), direcção artística, efeitos visuais, efeitos de som... Contudo, há aqui dois grandes senões: O primeiro é Channing Tatum. Ele é o protagonista desta história de Kevin Macdonald (State of Play, The Last King of Scotland) e provavelmente se tivesse aqui outro actor mais versátil e experiente, eu apostaria em grande neste filme. Como é Tatum... vou manter os meus dedos cruzados. O resto do elenco até é porreiro: Tahar Rahim, Donald Sutherland, Jamie Bell, Mark Strong... Ele é claramente o elo mais fraco. Este filme segue a história de Marcus Aquila, um centurião romano que é encarregado de resolver a história do desaparecimento de toda a Nona Legião Romana na Grã-Bretanha do séc. II d.C. O segundo é o facto de este estilo de histórias de guerra que misturam a História com a ficção leva sempre a que se façam comparações com outros filmes do mesmo tipo. O que pode ser mau para este The Eagle of the Ninth. Esperemos para ver, mas estamos expectantes.


The Grand Master

Depois do fiasco de My Blueberry Nights, o grande realizador Wong War Kai (In the Mood for Love, 2046) está de volta com este The Grand Master e desta feita reúne-se com os seus actores preferidos, Toni Leung e Ziyi Zhang, para contar a história do mestre de artes marciais Ip Man, que ensinou Bruce Lee. Se tivermos uma coisa do género de Crouching Tiger, eu ficar-lhe-ia eternamente agradecido. É que ele tem que compensar pelo facto de ter feito aquela miséria protagonizada pela Norah Jones.


The Kids Are All Right

A grande surpresa de Sundance foi este filme de Lisa Cholodenko, The Kids Are All Right, uma comédia sobre duas adolescentes que decidem procurar o seu pai biológico, uma vez que elas resultaram de inseminação artificial que as suas duas mães, lésbicas, realizaram. Julianne Moore e Annette Bening são as duas mães de família, Mark Ruffalo é o pai. Mia Wasikowska e Josh Hutcherson também entram no filme. Este filme tem ganho críticas muito elogiosas, particularmente à interpretação dos três renomados actores (muitos apostam já na nomeação de pelo menos uma delas para Melhor Actriz e na dele para Melhor Actor Secundário), apesar do seu grande entrave ser o facto de ser uma comédia leve, depender da receita de bilheteira que obtiver e do da sua estreia ser muito cedo (Julho). Vai precisar de uma campanha esforçada da Focus para resultar, mas muitos dizem que estrear no Verão vai ser bom para ele. A ver vamos. O filme, no seu geral, parece-me francamente agradável.


The Killer Inside Me

Já alguma vez imaginaram alguém a elogiar Jessica Alba por uma interpretação dramática (como prostituta, ainda por cima)? Pois preparem-se, pode ser que o façam, à custa deste novo filme de Michael Winterbottom. No entanto, a estrela não é Alba, é Casey Affleck. Com ele e com Alba contracenam Bill Pullman, Simon Baker e Kate Hudson. John Curran e Robert Weinbach adaptam este romance de Jim Thompson que segue a história de um xerife texano e a sua transformação de pacato polícia para um assassino, sociopata, sem escrúpulos.


The Next Three Days

Lembram-se do senhor Paul Haggis? Bem, o seu filme Crash foi o mais polémico vencedor do prémio de Melhor Filme da última década. Pois bem, ele está agora de volta, com Elizabeth Banks e Russell Crowe a protagonizar o seu The Next Three Days. Além deles, Olivia Wilde, Brian Dennehy, Liam Neeson e Jonathan Tucker também participam no filme. O filme fala de um professor cuja mulher é presa e condenada por um assassinato que ela diz não ter cometido. É, na verdade, um remake de um filme francês de 2007 chamado Pour Elle. É um mais que óbvio candidato mas não sei quanto do seu potencial irá realmente transparecer para a tela.




The Runaways

Kristen Stewart e Dakota Fanning são as estrelas maiores deste biopic sobre abanda feminina com maior sucesso de sempre, The Runaways. Estreou em Sundance com boas críticas mas não me parece que vá lutar para prémios. De qualquer forma, parece muito divertido e alegre.


The Tempest

Que dizer deste The Tempest? É de Julie Taymor (Across the Universe, Frida), por isso não espantou ninguém o seu adiamento para 2010, mas com esse adiamento o buzz do filme fugiu. Com Helen Mirren, Djimon Hounsou, Alfred Molina, Chris Cooper, David Strathairn e Ben Whishaw, entre outros, no elenco, é em potência um grande filme. The Tempest é a adaptação da peça de Shakespeare do mesmo nome, só que com inversão do género (por exemplo, na peça existe Prospero, no filme existe Prospera, personagem de Helen Mirren). Com ela trás outros nomeados e vencedores para Óscar (só para dar uns exemplos, a banda sonora é do marido, Elliot Goldenthal, que venceu por Frida e o guarda-roupa é de Sandy Powell, que venceu este ano de novo por The Young Victoria e Françoise Bonnot, que também já venceu o Óscar, é a Editora deste filme). Agora fica a pergunta: que filme vamos ter, um sucesso ou uma desilusão?


The Whistleblower

Rachel Weisz é a protagonista deste filme de Larysa Kondracki e apesar das notícias darem como certa a estreia deste filme só em 2011, a mesma veio dizer em entrevista que o filme se encontrava em finais de pós-produção, à procura de ficar pronto para Cannes ou então para Veneza ou Toronto. Se ficar pronto, poderá ser forte candidato para lutar por alguns prémios. Este pesado drama conta a história real de Kathryn Bolkovac, uma oficial da ONU que arrisca a sua vida para dar a conhecer ao mundo a corrupção e o tráfico de sexo entre oficiais da ONU na Bósnia.


The Wolfman

O primeiro flop e possivelmente um dos filmes mais horríveis deste ano (que ainda está agora a começar), The Wolfman contava com uma história potente, um elenco impressionante (Benicio Del Toro, Anthony Hopkins, Emily Blunt) e uma equipa por detrás da câmera com grande qualidade. Infelizmente, o produto final ficou muito aquém das expectativas e não se percebe muito bem qual a diferença entre ter lançado este filme o ano passado e este ano, de tão mau que ele é. Joe Johnston não soube aproveitar o material que tinha em mãos.


Warrior

Jennifer Morrison, Tom Hardy, Nick Nolte e Joel Edgerton compõem o elenco de Warrior, o novo filme de Gavin O'Connor (Pride and Glory, Tumbleweeds), que conta a história de um pai, um alcóolico, boxista reformado, e dos seus filhos, um que deseja ser treinado por ele para lhe seguir as pisadas e o outro, que ele vai ter de enfrentar em ordem para vencer.


We Need To Talk About Kevin

Tilda Swinton tem neste filme a maior possibilidade de ser nomeada de novo para um Óscar. Ela interpreta a mãe de um adolescente tornado assassino em série que não sabe o que há de fazer para lidar com o assunto. O filme está agendado para estrear em 2011, mas ouve-se dizer que pode estrear ainda este ano (em particular se a corrida para Melhor Actriz estiver a passar mau bocado). John C. Reilly e Ezra Miller também participam no filme.




Winter’s Bone

Estreou em Sundance para júbilo da multidão, que disparou elogios à performance incrível de Jennifer Lawrence, que se diz ser medonha, grandiosa, impressionante. Bem, se tudo correr bem, lá a teremos no Kodak Theatre para o ano. Os mídia já decidiram que ela é a nova Carey Mulligan. Mas será que a sua interpretação tem força para, como Mulligan, carregar o seu filme para uma nomeação para Melhor Filme? A luta vai ser difícil mas para uma rapariga das montanhas de Ozark, tudo é possível. A estreia em Junho coloca ainda mais entraves para que isso suceda.


Your Highness

Estreia em Outubro esta comédia de David Gordon Green e é uma comédia daquelas pouco convencionais, como (500) Days of Summer ou I Heart Huckabees. Your Highness conta com James Franco, Danny McBride, Natalie Portman e Zooey Deschanel no elenco. A história passa-se na Idade Média e relata a viagem de dois cavaleiros que partem a caminho de libertar a princesa e futura noiva da personagem de Franco, que foi aprisionada por um malvado mago. Como se pode ver, imaginação não falta.


You Will Meet A Tall Dark Stranger

Como é óbvio, nesta lista não podia faltar mais um filme de Woody Allen. Este novo filme tem Josh Brolin, Naomi Watts, Antonio Banderas, Anthony Hopkins e Freida Pinto no elenco, volta à Europa (onde Allen até se tem dado bem - Matchpoint, Vicky Cristina Barcelona, o menos apreciado Scoop) e volta aos dramas (depois da má experiência do ano passado, Whatever Works). Segundo Allen, o enredo tem um pouco de tudo, sexo, traição, amor, romance, paixão. Fala da vida de um grupo de pessoas, cada um com a sua personalidade, o seu feitio, as suas paixões, as suas ambições e as suas preocupações. Com Allen, tudo é possível, o filme pode ter 6 nomeações como 0, depende. Sendo realista, acredito que Argumento Original é possível. Realizador, Filme e nomeações para os seus actores já são mais puxadas, para tal é preciso que o filme seja mesmo muito bom.



Seguinte: os meus 25 filmes mais antecipados de 2010!

Cinema em 2011: Parte 1

Bem, há muito tempo que não vinha cá. Venho pedir que subscrevam mesmo a petição da Sara, como eu já o fiz, é por uma causa justa. Aproveito aqui este espaço para pedir à Sara que faça uma rubrica de Revisão da Década, como eu fiz para cinema e televisão, só que para a Política. Acho que sairia muito melhor se fosses tu a fazer em vez de mim, Sara. Pensa nisso.


Agora falando ao que venho... Venho tratar dos filmes que vão passar pelos nossos olhos em 2010/2011. Há para todos os gostos, por isso decidi partir a minha crónica em três partes porque ela é gigantesca. A ver se pelo menos a parte 2 ainda é colocada hoje também... A terceira parte é a mais interessante, é o minha lista dos 20 filmes mais antecipados do ano (na minha modesta opinião).

As minhas previsões virão também nos próximos dias, bem como a revelação dos meus vencedores dos prémios de cinema e televisão. Mas vamos ao que interessa. Isto está dividido por temas.

Neste primeiro post falo dos filmes que um perito em cinema classificaria como “filmes menores”. Mais tarde hoje ou amanhã devo então colocar os filmes que realmente nos interessam a nós, cinéfilos a sério (filmes estrangeiros tenho que adquirir mais informação e por isso falarei deles mais tarde).


COMÉDIAS



Não me parecem muito interessantes: Amy Adams junta-se a Matthew Goode para protagonizarem o já estreado nos Estados Unidos Leap Year, que conta a história de uma rapariga que quer propôr casamento ao namorado no Leap Day, um dia tradicional na Irlanda que só acontece a cada quatro anos, a 29 de Fevereiro. Se por um lado o veterano Adam Sandler junta o seu grupo de amigos para a comédia tipicamente masculina Grown Ups, por outro Ben Stiller retoma a sua “franchise” dos Fockers com um terceiro filme, Little Fockers.



Podem ser interessantes: Katherine Heigl, que recentemente deixou Grey’s Anatomy, emparelha com Josh Duhamel para a comédia Life as We Know it, que fala de dois amigos que se juntam para tomar conta do bebé de um casal que era seu amigo e que falece num acidente. Michael Cera é protagonista de Youth in Revolt, filme no qual ele volta a investir na problemática do crescimento adolescente. Finalmente, falo-vos da comédia de acção que junta de novo Tom Cruise e Cameron Diaz, Knight and Day, filmada um pouco por todo o mundo. E que tal ainda When in Rome, com Kristen Bell e Josh Duhamel - pois, assim não parece tão interessante - mas com Anjelica Houston, Danny De Vito e Will Arnett, entre outros, no elenco?









Definitivamente valem a pena ver: Temos primeiro que tudo a comédia mais excitante para a nossa faixa etária, Scott Pilgrim vs. The World, baseada numa BD ainda não comercializada cá mas que tem grande sucesso no continente americano e que basicamente fala de um rapaz que se apaixona por uma rapariga mas que, para ficar com ela, tem de derrotar os seus sete ex-namorados malvados. A excelente Tina Fey (30 Rock) e o sempre de confiança Steve Carell (The Office, The 40-Year-Old Virgin) formam o par de protagonistas de Date Night que só pelo nome dos dois actores envolvidos já promete e finalmente falo-vos. Só para rematar, relembrar que Arrested Development, das melhores comédias desta década (e de sempre) vai virar filme, ainda não se sabe se em 2010 (pouco provável) ou em 2011 (muito mais provável). Esqueci-me mas acrescento a engraçada comédia (em potencial) de Jennifer Aniston e Jason Bateman, The Switch.



ANIMAÇÃO

Depois de um ano a todos os níveis excepcional em animação, eis que 2010/2011 não nos traz grande coisa (e ao que os Óscares diz respeito, não devemos ter nenhum título animado entre os 10 este ano). Temos o retomar da mais famosa história de brinquedos de sempre, Toy Story 3 (novo trailer aqui), que é o filme que a Pixar nos traz este ano; temos a sua parceira Disney a apostar em nova princesa, desta feita Rapunzel, num filme com o nome Tangled; e a Dreamworks traz-nos mais três títulos, Megamind, Despicable Me e How To Train a Dragon, que já estreou em Portugal. Falta-me mencionar o que se diz ser o melhor filme animado do ano, Illusionist. Outros filmes animados a sair este ano: Legend of the Guardians, Yogi Bear, Hoodwinked Too! Hood vs. Evil e Alpha vs. Omega (isto além de Shrek, que já falo mais à frente). Lembro que para haver 5 nomeados precisamos de mais de 15 filmes.

PORTUGUESES









Informação sobre cinema português é rara e nem sempre certa, por isso alguns dos títulos que posso estar aqui a mencionar podem não estar correctos. Um que tem tido grande publicidade é Embargo, baseado na obra homónima de José Saramago e cujo trailer me parece interessante. Intrigado estou também por outros dois títulos, Duas Mulheres e A Religiosa Portuguesa, que têm tido boa crítica lá fora. Os Sorrisos do Destino já tinha sido falado por mim o ano passado mas parece que só este ano vai ser lançado. De resto, A Espada e a Rosa, Quinze Pontos na Alma e Alasca são outros nomes de quem encontrei boas coisas a serem ditas. E um amigo blogger (cujo blogue vem mencionado na nossa lista, "A Gente Não Vê") chamou-me a atenção para Backlight de Fernando Fragata que também estreia este ano.


FRANCHISES, REMAKES E SEQUELAS



Não me parecem interessantes: Este ano não temos Transformers (esse terceiro encontro está marcado para 2011 e agora John Malkovich e Frances McDormand juntam-se – infelizmente – a Megan Fox e Shia La Boeuf) mas temos títulos com potencial tão mau como o desse. Desde logo, o terceiro filme da saga Chronicles of Narnia, que parece que vai continuar a senda do segundo filme, que foi muito mau; a ele se junta novo filme de Resident Evil, agora também em 3D (quando é que isto vai voltar a deixar de ser novidade?) e também a quarta parte da história de Shrek: Forever After (quando é que o ogre verde vai deixar de dar dinheiro à Dreamworks, que é para encerrar a história de vez?). Não nos podemos esquecer ainda da terceira parte da saga Twilight: Eclipse – será que vamos ter mais do segundo filme (que foi horrendo) ou do primeiro (que foi por pouco suportável?). Outro remake ainda que me faz tremer é o de Nightmare in Elm Street, mas quanto a esse… espero para ver.



Talvez sejam interessantes: a primeira parte do sétimo filme do feiticeiro mais conhecido de todos os tempos, Harry Potter and the Deathly Hallows, também chega aos cinemas este ano, bem como a adaptação de mais uma BD, The Green Hornet. E também o videojogo Prince of Persia (com Jake Gylenhaal como protagonista e Jerry Bruckheimer, criador de Pirates of the Caribbean) consegue a sua adaptação cinematográfica, seguindo os passos de Tomb Raider e Max Payne (esperemos que saia melhor que os seus predecessores). A saga Tron, bem antiguinha, recebe uma sequela este ano, Tron: Legacy, que conta com a participação do recém-Oscarizado Jeff Bridges e a também “saga” (porque não?) Sex and the City consegue a sua sequela cinematográfica, Sex and the City 2. Entre os mil remakes deste ano, ainda há que dar destaque ao remake de Clash of the Titans, também em 3D (eu percebo este remake, é como Sam Worthington disse numa entrevista, este filme não tem nada de especial, mas realmente merecia que a nova tecnologia dos dias de hoje pudesse ser posta em uso nesse filme, porque seria qualquer coisa de espectacular) e ao de The Karate Kid, com Jackie Chan (escolha mais do que óbvia para o “sensei” japonês) e… o filho de Will Smith (a seguir as pisadas do pai?).

Provavelmente valem a pena ver: depois das sagas literárias Lord of the Rings, Harry Potter, Chronicles of Narnia e Northern Lights virarem filmes, eis que mais uma dessas, a história de Percy Jackson, ganha vida no grande ecrã. Percy Jackson and the Olympians: The Lightning Thief é o primeiro da série. Teremos novo Harry Potter ou novo The Golden Compass? O tempo nos dirá. Depois do sucesso do ano transacto, os criadores de Paranormal Activity já prepararam novo filme, agora com mais dinheiro e já com apoio de estúdio por trás e com distribuidor assegurado. Paranormal Activity 2 promete ser tão bom como o primeiro. Uma das adaptações deste ano que me tem conseguido manter entre o excitado e o preocupado é a de The A-Team. Liam Neeson como Hannibal ou a de Sharlto Copley como Murdock parecem-me decisões de casting incrivelmente sagazes, enquanto a de Bradley Cooper como The Face já me deixa algumas dúvidas. Bem, veremos o resultado. Josh Brolin protagoniza mais uma história de super-herói pouco convencional, Jonah Hex, a qual me deixa algumas preocupações mas que por outro lado me continua a manter no campo do entusiasmo.





Definitivamente valem a pena ver: O que é que vale MESMO a pena não perder este ano neste campo? Michael Douglas retoma o seu papel imortal de Gordon Gekko ao lado de Shia La Boeuf, o seu novo discípulo, e Carey Mulligan em Wall Street 2 e Robert Downey Jr. também volta ao seu proeminente papel de Tony Stark em Iron Man 2. Ambos prometem muito.

FILMES DA TRETA

E como eu não sou de excluir ninguém, também falo daqueles filmes que o seu potencial duvidoso nos leva a colocar o rótulo de filme da treta, seja porque têm todo o ar de comédia romântica de domingo à tarde, seja porque são filmes de acção daqueles que não obrigam o espectador a pensar, seja porque são tão ridículos em perspectiva que eu não consigo apostar assim muito neles.

Não valem mesmo a pena ver: Não confio nada no novo filme de M. Night Shyamalan, que tem vindo a suceder em flop atrás de flop (desde The Sixth Sense, só sai porcaria: Lady in the Water, The Happening e, agora, parece-me, este The Last Airbender, baseado num anime japonês muito conhecido). Outro filme com quem eu não vou à baila é o novo filme de Stallone, que inclui todo o bad boy de acção que há em Hollywood, desde Jason Stratham até ele próprio, The Expendables. Escusado será dizer que não tenho muita esperança que isto vire grande filme. E, claro, não gostei do filme de Mel Gibson que já estreou cá, Edge of Darkness (mas isso fica para outra altura).



Será que até não vão ser maus? Nesta categoria só consigo pôr dois, os dois filmes protagonizados por Amanda Seyfried, Letters to Juliet, co-protagonizado por Gael Garcia Bernal (a principal razão pela qual eu acho que o filme até se pode safar); e Dear John, no qual ela contracena com Channing Tatum (a principal razão para este filme não estar na pilha dos filmes pelos quais estou entusiasmado) num argumento baseado num best-seller de Nicholas Sparks que parece prometedor.



Será que só tu é que os vais achar maus? Aqui podemos contar com cinco títulos que eu aposto que não vou gostar (posso ser surpreendido, claro) e que pode haver para aí muito boa gente que goste. Falo claro do novo filme da super-estrela Hannah Montana/Miley Cyrus, The Last Song (parece porreiro no papel mas com ela a protagonizar… não sei não); falo também do novo filme de Robert Pattinson, já estreado em Portugal, Remember Me, com Émilie de Ravin; falo de dois dos quatro novos filmes de Kristen Stewart, a Bella de Twilight: Welcome to the Rileys que tem James Gandolfini como co-protagonista de luxo e The Yellow Handkerchief que soa a todos os níveis mau. E no fim de contas, falta aqui o novo filme de Denzel Washington, que aposto que será alto filmaço de acção, mas que enfim, não me parece que vá gostar muito, The Book of Eli.


Seguinte: Parte 2 - Filmes dos festivais, filmes de prestígio fora do meu top e filmes para Óscar

Petição pelo MNA!

Infelizmente, estou de volta com o mesmo assunto, o MNA..
Desta vez, para divulgar uma nova petição, lançada pelo ICOM, em defesa do Museu Nacional de Arqueologia.
Peço-vos que leiam a petição e que a assinem se concordarem com ela..
Volto a insistir que esta questão não é só arqueológica.. e se a democracia em que vivemos nos permite usarmos deste tipo de manifestações, é uma questão de cidadania subscrever esta petição.
Desde já agradeço a todos os que a subscreverem, pelo 2º museu mais visitado do Ministério da Cultura.
 



Declaração e abaixo-assinado adoptado pela
Assembleia-Geral da Comissão Nacional Portuguesa
do Conselho Internacional dos Museus (ICOM)
EM DEFESA DO MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA

Subscreva em: http://peticao.com.pt/mna
Mantenha-se informado e comente em: http://gamna.blogspot.com
Divulgue por todos os seus contactos

Quando há cerca de um ano o anterior Governo colocou a hipótese da transferência do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) para a Cordoaria nacional, o seu Grupo de Amigos (GAMNA) chamou logo a atenção para os riscos inerentes, dos quais o mais importante é o da segurança geotécnica do local e do próprio edificado da Cordoaria, para aí se poderem albergar as colecções do Museu Nacional português com colecções mais volumosas e com o maior número de peças classificadas como “tesouros nacionais”.
Após as últimas eleições pareceu ser traçado um caminho que permitia encarar com seriedade esta intenção política. A ministra da Cultura afirmou à imprensa que fora pedido ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) um parecer acerca das referidas condições geotécnicas e que seria feito projecto de arquitectura coerente, respeitador tanto da Cordoaria Nacional como do programa do Museu. Ao mesmo tempo garantiu que esse complexo seria totalmente afecto ao MNA, sem a instalação antecipada de outros serviços no local. Sendo assim, deixaria também de ser necessário alienar espaços do MNA nos Jerónimos, a título de garantia da ocupação antecipada da Cordoaria.
Causa, pois, profunda estranheza a sucessão de acontecimentos das últimas semanas, os quais vão ao ponto de comprometer ou até inviabilizar a continuidade da gestão do Director do Museu, que nos cumpre elogiar pelo dinamismo que lhe conseguiu imprimir e de cujos interesses se constitui, perante todos nós, em legítimo garante.
O estudo tranquilizador que se dizia ter sido pedido ao LNEC, deu afinal lugar a parecer meramente pessoal do técnico convidado para o efeito. O GAMNA, encomendou estudo alternativo, que vai em sentido contrário. O Director do Museu recolheu, ele próprio, outros pareceres, dos mais reputados especialistas da área da engenharia sísmica, que igualmente corroboram e ampliam as preocupações existentes. É agora óbvia a necessidade da realização de um programa de sondagens e de verificações in loco, devidamente controlado por entidade idónea, de modo a poder definir com rigor a situação da Cordoaria em matéria de riscos sísmicos, maremoto, efeito de maré, inundação e infiltração de águas salgadas. A recente tragédia ocorrida na Madeira, onde se perdeu quase por completo o acervo do Museu do Açúcar, devido a inundação, aí está para nos lembrar como não pode haver facilidade e ligeireza neste tipo de decisões.
Enquanto não estiver garantida a segurança geotécnica da instalação do MNA na Cordoaria Nacional e enquanto não forem realizados os adequados estudos de planeamento urbano e circulação viária, importa manter todas as condições de operacionalidade do Museu nos Jerónimos. Neste sentido consideramos incompreensível a alienação pretendida da “torre oca” a curto prazo, até porque uma tal opção iria comprometer definitivamente qualquer hipótese futura de regressar a planos de remodelação e ampliação do MNA nos Jerónimos, conforme foi a opção consistente de sucessivos Governos, até há dois anos. O MNA merece todo o respeito e não pode ser considerado como mero estorvo num local onde aparentemente se quer fazer um novo Museu.
O poder político não pode actuar ignorando os pareceres técnicos qualificados e agindo contra o sentimento de todos os que amam o património e os museus. Apelamos ao bom senso do Governo, afirmando desde já a nossa disposição para apoiar o GAMNA na adopção de todas as medidas cívicas e legais necessárias para que seja defendida, como merece, a instituição mais do que centenária fundada pelo Doutor Leite de Vasconcelos, o antigo “museu do homem português” e actual Museu Nacional de Arqueologia.
Lisboa, em 29 de Março de 2010.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Revista da semana

Política

O PEC foi aprovado com votos a favor do PS, abstenção do PSD e votos contra dos restantes partidos.
Pedro Passos Coelho é o novo líder do PSD... Agora é que a guerra vai começar.


Desporto

Sporting perde no Marítimo e reacende luta pelo 4º lugar com o Guimarães.
Benfica venceu o Braga e o título está cada vez mais perto, com 6 pontos de vantagem.
Porto venceu Belenenses por 3-0 e praticamente condenou o clube do Restelo à descida.

Beira-Mar perdeu em casa 3-1, Oliveirense ganhou 2-0 e está tudo em aberto para a subida, com 5 equipas ainda na luta.


Cinema

Solomon Kane - Filme entretido. Do autor de Conan, não se esperava outra coisa senão doses de violência. Gostei.


TV
Estreia próxima 2ª feira a 5ª temporada de Sobrenatural. Com Lúcifer à solta, conseguirão Dean e Sam salvar o Mundo mais uma vez?


Mundo

Mais um atentado bombista, destta vez no metro em Moscovo. Quando chegará ao fim toda esta violência?

MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA: mudar, só para melhor

Pois bem, em seguimento do meu último texto sobre as questões ligadas ao MNA, transcrevo aqui um comunicado do actual director do museu sobre essa temática, difundido via Archport.

Entretanto, como sei que muitos dos leitores deste blog não têm uma relação de proximidade com o mundo arqueológico, espero que este assunto tenha motivado alguma reflexão.. Isto já não é só uma questão de Arqueologia.. É de Cultura, de Política, de Economia.. de Cidadania!
  

[esclarecimento apresentado durante as VIII Jornadas Anuais do ICOM Portugal, em 29 de Março de 2010]

MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA: mudar, só para melhor


Uma vez que foi anunciada a intenção de fazer transitar rapidamente o Museu Nacional de Arqueologia (MNA) para a Cordoaria Nacional (CN), destinando-se o espaço dos Jerónimos à ampliação do Museu de Marinha ou a um novo museu, o Museu da Viagem, julgo já ser altura de dizer o que penso sobre o assunto. A tal me conduzem os deveres que tenho para com os visitantes, o Grupo de Amigos do MNA, as comunidades científicas e museológicas a que pertenço e sobretudo para com a minha própria consciência pessoal. Vejo, aliás, que o tema mobiliza as comunidades da arqueologia, da museologia e do património e começou a interessar os media. Ainda bem, porque o futuro de uma instituição centenária desta natureza é um assunto de cidadania, que ninguém poderia esperar, muito menos desejar, ficasse escondido dentro de gabinetes.
Como tenho repetido noutras ocasiões (v. por exemplo Publico, 23-12-2006), não sou, em absoluto, contra a transferência do MNA para outras instalações. Pertenci a equipas que procuraram essas alternativas e elas chegaram a estar prefiguradas em sucessivos PDMs de Lisboa (Alto do Restelo, Alto da Ajuda, terrenos anexos ao CCB, etc.). Tendo falhado todas estas hipóteses, optei na última década – e com eu todas as direcções do Instituto de tutela - por estudar, primeiro, e depois propor projectos de arquitectura muito sólidos, da autoria de Carlos Guimarães e Luís Soares Carneiro, alicerçados em sondagens e estudos geológicos realizados sob supervisão do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), visando a ampliação do MNA nos espaços já ocupados nos Jerónimos. Estes estudos e projectos foram desde 1998 acolhidos por todos os governos que precederam a actual legislatura e chegaram ser formalmente adoptados por um primeiro-ministro, que anunciou o calendário da sua execução.
Não posso deixar de considerar ser pena que se deitem agora à rua as dezenas, ou porventura centenas, de milhares de euros assim gastos. Mas, enfim, se a opção é de mudança de instalações, então o que importa assegurar é que ela seja claramente para melhor. Não podendo ser para edifício novo, pois que seja para um edifício histórico prestigiado, bem situado e sobretudo adequado às necessidades de um museu moderno, mormente daquele que é um dos mais visitados do Ministério da Cultura, o que possui colecções mais volumosas e vastas e ainda o que tem maior número de bens classificados como “tesouros nacionais”. E já agora, quanto ao espaço deixado livre nos Jerónimos, que se execute nele um projecto cultural que realmente valha a pena e honre a Democracia.
Ora, devo confessar que, não obstante a atitude positiva que sempre tenho em relação à mudança, o espírito construtivo e colaborante a que minha posição funcional me obriga e ainda a esperança que depositei na orientação política traçada pela actual Ministra da Cultura, tenho agora dúvidas que estes desideratos sejam de facto assegurados.
Em Novembro e Dezembro passados, após reuniões tidas com a tutela do MNA e directamente com a senhora Ministra da Cultura, foi traçado um caminho que me pareceu e continua a parecer sério e viável, a saber:
-mandar executar estudos geotécnicos, sob direcção de entidade idónea (que a senhora ministra anunciou à imprensa ser o LNEC), garantidores da viabilidade e condições de instalação do MNA na CN; destes estudos resultariam as obras de engenharia que fossem consideradas como condições prévias a qualquer projecto de arquitectura;
-execução de um projecto da arquitectura arrojado, respeitador da Cordoaria (ela própria classificada como monumento nacional e merecedora de todo o respeito) e do programa museológico do MNA;
-afectação de toda a CN ao MNA, reconfigurado institucionalmente de modo a incluir alguns serviços de arqueologia do Ministério da Cultura que nele poderiam desejavelmente ter lugar;
-não instalação antecipada na CN de serviços do MC, de modo a que o espaço estivesse totalmente disponível para a execução do projecto de arquitectura; correlativamente, não havendo necessidade de ocupação da CN por parte da Cultura, não entrega adiantada à Marinha de espaços nos Jerónimos, mantendo aqui o MNA toda a sua capacidade operacional, até que pudesse ser transferido para a CN, em boa e devida ordem.
Nos últimos dois meses parece que toda esta estratégia foi abandonada, sem que se perceba muito bem porquê. Talvez apenas pelo que se quer fazer nos Jerónimos e não propriamente pelo interesse na melhoria do MNA. Importa recordar que a ideia de afectar o sector oitocentista dos Jerónimos em exclusivo à Marinha, de forma clara (ampliação do Museu de Marinha) ou encapotada (Museu da Viagem, colocado em instalações alienadas para a Marinha, bem diferente do que seria um tal museu antropológico e civilista, sob tutela exclusiva da Cultura), limita-se a ressuscitar o antigo projecto do Estado Novo, sob impulso do almirante Américo Thomaz, que teve golpe de finados quando o Conselho da Revolução, em Janeiro de 1976 (no rescaldo do 25 de Novembro e quando País corria o risco de uma deriva cesarista), entendeu publicar um decreto hoje risível, no qual se impunha a transferência para a Marinha de todos os espaços dos Jerónimos não afectos ao culto. É irónico que este projecto seja retomado agora, mas… é a vida. Na condição em que subscrevo este texto, apenas me cumpre assinalar esta entorse cívica. Todavia, na mesma condição, cumpre-me mais, cumpre-me denunciar a extraordinária situação para que um museu mais do centenário e um acervo tão vasto e estruturante para o País são atirados, tratados como meros empecilhos para que uma opção política de regime possa rapidamente ser executada. Em ditaduras terceiro-mundistas não se faria diferente.
Quanto ao edifico da CN o problema não é tanto político mas técnico e altamente complexo, fazendo todo o sentido os cuidados na sua abordagem, acima sumariados. Trata-se de uma proposta que tem meio século, ressurge ciclicamente e foi sempre recusada com base em pareceres técnicos credíveis. Mudaram entretanto as circunstâncias ? Talvez. Mas apenas se alguém com competência bastante puder agora garantir a inexistência ou o adequado controlo dos riscos sísmicos, de inundação, impacte de marés, etc. que são reconhecidos naquele preciso local (edificado sobre o estuário do rio Seco num local, “Junqueira”, que significa pântanos de juncos) e arriscam conduzir a uma catástrofe para o acervo histórico nacional que o MNA guarda. E se outro alguém garantir depois a mobilização dos meios financeiros suficientes para a profunda requalificação do quarteirão inteiro da CN, onde nalguns sectores se verifica uma quase ruína e noutros as coberturas são em telha vã, os pavimentos são irregulares, estão saturadas em sais marinhos, etc., etc. Ora, a única coisa que até aqui me foi apresentado em sentido tranquilizador, foi um parecer dado a título individual por um antigo técnico LNEC, certamente competente, mas que não responsabiliza mais do o seu autor. O Grupo de Amigos do MNA obteve estudo de outro técnico muito credenciado e que vai em sentido contrário; eu próprio recolhi pareceres de dois dos mais reputados especialistas portugueses em engenharia sísmica – e todos concordam em alertar para o risco efectivo e elevado que existe no local da CN.
Talvez assim se compreenda melhor porque atribuo a esta matéria tanta importância. Talvez se entenda porque não posso em consciência, neste momento, considerar como definitivamente adquirida a transferência do MNA para CN. E, por outro lado, também assim se possa melhor perceber porque considero inaceitável executar desde já o despejo de parte do MNA nos Jerónimos – situação que seria sempre anómala (e desnecessária, porque não existem agora pressões para colocar quaisquer serviços da Cultura na CN), porque o que faria sentido, conforme o acordado inicialmente, era que o Museu apenas desocupasse os espaços actuais quando mudasse de instalações, após as obras profundas de arquitectura a que a CN deverá inevitavelmente ser submetida.
Continuo, pois, a aguardar a apresentação pública de estudos que garantam a segurança do acervo do MNA na CN. Aguardo, logo depois, a abertura de concurso público ou o convite a arquitecto consagrado para desenvolver o projecto que se impõe, tudo isto sem esquecer os estudos urbanísticos da zona envolvente, de modo a precaver, e potenciar, o fluxo das várias centenas de milhar de pessoas que passarão anualmente a frequentar uma zona em que se irão colocar lado a lado os dois mais visitados museus do Ministério da Cultura.
No entretanto, o MNA continuará a servir da melhor forma que puder os seus utilizadores, no cumprimento do programa cívico que Leite de Vasconcelos concebeu e Bernardino Machado adoptou. As iniciativas públicas já tomadas em torno do futuro do MNA, com especial relevo para o espírito combativo demonstrado pelo nosso Grupo de Amigos e para os oferecimentos de activa solidariedade por parte de personalidades as mais diversas, das associações científicas e profissionais, das universidades e das autarquias, reconfortam-me e dão fé de que a sociedade civil não está adormecida.
Luís Raposo
Director do Museu Nacional de Arqueologia, 29 de Março de 2010.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A (des)Ordem no Museu!

Bem, bem.. Só hoje é que dei por mim a pensar que não vos trazia novidades à muito muito tempo..
São aquelas fases da vida académica que até para escrever nos tiram a vontade.. mas adiante ;)

O que me trás cá hoje vem no seguimento do que me trouxe da última vez.. Arqueologia!
[antes fosse desta, em Tresminas.. no meio de tantos pinheiros e bichos, ainda restava alguma Ordem (de pedras claro')]

Em relação à questão da Ordem, tema da última mensagem, e depois do debate, consultem-se as conclusões do mesmo no site da APA.
Para quem não se quiser dar a esse trabalho, basicamente, constituiu-se uma comissão informal para aprofundar as questões relacionadas com um sindicato dos arqueólogos, ficando, para já a questão da Ordem em "standby".

Mas o que me trás cá hoje, já não é a questão da Ordem em si, mas do Museu Nacional de Arqueologia, e que curiosamente, também já não é nova aqui.. [em 6/02/09; 2/02/09]
Entretanto, pode também consultar-se um comunicado, no já referido site da APA sobre esta questão..
E quem não está dentro deste assunto perguntará.. "mas de que raio é que ela está a falar?"
A resposta é simples.. da transferência do museu..
Não sei se estão recordados da questão da construção do novo Museu dos Coches, num local ocupado pelos serviços de arqueologia do IPA..
Em consequência disso, e da necessidade de desocupar o local, as instalações do IPA foram desmanteladas, com intenção de se concentrarem na Cordoaria, onde mais tarde se viria a situar também o MNA.
O IPA saiu, e espalhou-se por aqui e por ali..

Mas agora.. Eis que surge a notícia que até dia 8 de Maio, o director do MNA tem que desocupar um espaço do seu museu - a Torre Oca - que deverá entregar à Marinha, como garantia para troca com o edifício da Cordoaria, actualmente sobre a tutela desse ministério.
Devo ainda dizer que a questão da transferência para a Cordoaria parece não ter sido suficientemente estudada para garantir a segurança das colecções do museu; e também não se considerou que o próprio edifício da Cordoaria, classificado, vai ter que sofrer obras (que o podem descaracterizar) para receber este tipo de museu.

No entanto, há quem levante questões relativas ao prazo e à ordem dada ao director do museu para desocupar o espaço.. É que não é viável cumprir essa ordem..
(Também se diz que a notificação foi entregue ao director em Agosto, mas a questão colocar-se-ia da mesma forma)
Ora, se um director não cumpre uma ordem superior, o que é que lhe pode acontecer? Pois é, directores desobedientes não são toleráveis para as tutelas..
E como não sou eu que o digo, deixo aqui uma frase que conclui esta lógica, extraída de um mail divulgado na Archport pelo Sr. Manuel de Castro Nunes..

"O objectivo de todo este processo era dois. Não era apenas desinstalar o MNA. Era também afastar o seu Director. Porque o MNA não era apenas um Museu, era a sede de um pensamento cultural incómodo."

E assim, deixo mais uma vez as polémicas da arqueologia, sendo que há quem defenda que a primeira - a da Ordem, foi uma jogada tutelar para distrair os arqueólogos desta velha questão do MNA..
*

segunda-feira, 22 de março de 2010

Revista da semana

Política

PEC e afins... Não vale a pena falar, mais do mesmo.
Debate a decorrer entre os candidatos a líder do PSD... Só falta andarem à porrada.


Cinema

Alice in Wonderland... Não é daqueles filmes de encher o olho, mas gostei. Faltava o Humpty Dumpty, fiquei triste.


TV

The Pacific estreou 3ª feira passada, confundi o dia. Mea culpa.
Dexter, está cada vez mais intrigante. A melhor temporada até agora.


Desporto

Deixei esta pro fim porque há muito que falar.
Liga Europa:
Sporting caiu de cabeça erguida após o empate a 2 golos. Sem tantas debilidades, podiam bem ter ganho.
Benfica, vitória mais que justa frente ao Marselha, depois de estar a perder 1-0. Aquele Kardec atira a camisola e depois não sabe dela, ai santo.

Fim de semana com final da Taça da Liga. Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto, não sabia que ia haver essa final, lamentável...
Benfica, mais uma grande vitória sobre o eterno rival Porto, por 3-0. Acho que o frango hoje estava mais barato. E como é possível o Bruno Alves durar os 90m em campo? Não há nenhum arbitros com eles no sítio para o expulsar?

De lamentar as cenas lastimáveis com as claques antes do Sporting - Atlético Madrid e antes do Benfica - Porto. Como é que querem que as famílias vão ao futebol quando estão sujeitas a apanhar com alguma coisa em cima? Algo tem de ser feito para travar esta escalada de violência.


Agente da PSP que dispara contra condutor que não parou em Operação STOP... Deve andar a ver muitos filmes.


Momento da semana

Speaker troca nome de José Sócrates

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sporting e Benfica - Liga Europa

Um tema que tem fugido um pouco aqui do blogue tem sido o desporto, que tem vindo a ressurgir, aos poucos, nas crónicas semanais do Pedro. De qualquer forma, uma revisão da década de desporto lá virá dentro em breve, quando me der na cabeça e muito possivelmente falarei das vicissitudes do corrente campeonato. Não obstante, vim hoje só deixar aqui o desejo de apuramento das duas equipas portuguesas que iniciam dentro de pouco tempo os seus respectivos jogos na Liga Europa.



O Benfica tem, à partida, um jogo mais complicado. Joga fora, no Vélodrome, defronta o Olympique de Marseille, equipa francesa e tão apretrechada como o Benfica. Entra em campo com a pequena desvantagem de ter sofrido um golo fora, com o facto de não ter feito poupanças este fim-de-semana e com o peso de ter que fazer gestão de esforço para não esgotar os jogadores para domingo, para a final da Taça da Liga, frente ao FC Porto. Contudo, um Benfica que até agora já fez 98 golos em todas as provas esta época não se pode dar ao luxo de pensar que a vida está complicada. Antes pelo contrário, deve empenhar-se ao máximo e pensar que, com a fluidez de jogo que a equipa tem, irá fazer golo(s) em Marselha. E passar a eliminatória.


Mais favorável parece o cenário do Sporting (vem com um interessante 0-0 da primeira mão, depois de passar 60' a jogar com menos um jogador). E digo parece porque isto é um pouco uma faca de dois gumes. Primeiro, vai depender de que Sporting entrar em campo frente ao Atlético de Madrid. Segundo, vai depender de que Atlético de Madrid vier jogar a Lisboa. Terceiro, vai depender da capacidade de superação e de concentração e contenção emocional dos jogadores leoninos. Se tudo correr bem, a história pautar-se-á por mais um vitória do esquadrão de Alvalade frente a equipas espanholas e marcará presença nos quartos-de-final da Liga Europa. O Atlético de Madrid tem Simão, Forlán e Agüero, é verdade, mas o Sporting, apesar de ter algumas baixas de vulto, também tem Liédson, Veloso e Izmailov em topo de forma. É preciso não subestimar o adversário mas também ter confiança no trabalho que vem a ser feito.


Em suma, eu estou inclinado a apostar que uma das duas equipas vai ficar pelo caminho. Qual delas, não sei. Por um lado, acho que o Benfica tem mais hipóteses. Por outro, acho que a vida do Sporting é mais fácil. Enfim. Que passem as duas. Boa sorte.





[N.D.R: Como eu previa, o Benfica e o Sporting arrancaram ambos boas exibições, mas só uma passou. O Benfica lutou bravamente para uma vitória por 2-1 em Marselha. O Sporting não podia ter feito mais. Com uma defesa remendada como aquela, que só se acertou já Agüero tinha lá metido 2 golos, era impossível. Com a equipa normal... eu diria que o Sporting se tinha apurado sem problemas. Assim... ficou pelo caminho. Aquele 2-2 merecia ter sido 3-2 ou 4-2... Mas o Sporting foi desperdiçando oportunidades. Ora bolas... Fica para a próxima. Este ano, na Europa, o Sporting caiu sem perder. Por duas vezes.]

Música Perdida... No cinema


Novamente eu de volta, com mais um dos meus potenciais candidatos a Melhor Canção do ano (nomeados e vencedores dos meus prémios cinema/TV a anunciar hoje e amanhã, respectivamente).

Bem, como hoje tenho um pouco de tempo livre em mãos, vou tentar despachar algumas coisinhas que eu tenho querido fazer há já algum tempo. Já estou a ir off-topic portanto concentremo-nos.


Relembrando até ao momento as músicas que já vos trouxe...





Faltam 3 músicas. Pois bem, a música que hoje vos trago faz parte da banda sonora de Crazy Heart, tal como "The Weary Kind". Essa música é "Somebody Else" e é das músicas mais bonitas da bastante interessante banda sonora do filme que deu o Óscar a Jeff Bridges. É uma música diferente de "The Weary Kind" pois esta é uma música mais rápida, mais apta para se dançar, mas de qualquer forma com um toque country muito engraçado.


Não consigo, desta vez, deixar a letra da música, porque não a encontro em lado nenhum (se encontrarem, avisem), assim sendo deixo-vos com a minha pequena reflexão e com a canção (via YouTube):








Gosto imenso do primeiro verso da canção, «I used to be somebody / But now I am somebody else». Este verso fala bem mais do actor, Jeff Bridges, que da sua personagem, Bad Blake. Bad Blake é um alcóolico, é um derrotado pela vida, é uma antiga estrela country na rota descendente da carreira. Só o cantar lhe alivia a dor na alma que de facto sente. Por isso é que ele diz que antigamente foi uma pessoa muito diferente da que é hoje. O que, de facto, não é mau. Muitos erros depois, ele aprendeu com a vida. E por isso é, hoje, uma pessoa diferente. Quem também é sempre uma pessoa diferente é o actor que encarna a personagem, Jeff Bridges. Nunca vi ninguém tão camaleónico nos seus papéis. Ele não só os interpreta, ele vive-os. E, ao fazê-lo, deixa-nos com interpretações inesquecíveis. Basta relembrar as suas últimas interpretações a sério: The Contender, The Door in the Floor, The Big Lebowski, Crazy Heart. São quatro homens totalmente diferentes, cada um com as suas peculiaridades e com feitios tão distintos, mas de certa forma Bridges consegue torná-los familiares a todos nós, tudo fruto do seu imenso talento. E é assim, meus caros, que um actor consegue algo que ninguém lhe pode tirar: a sua imortalidade.