- Antes, a exigência era diferente. Antes, era preciso apresentar curriculum para escavar. Antes, começava-se a escavar com o acompanhamento (na teoria) de outra pessoa com mais experiência.
Antes, antes, antes..
- O incentivo que Bolonha trás para se fazerem estudos posteriores.
- Em Portugal não há condições para oferecer muitas unidades curriculares.
- Bolonha é economicista.
- Questão das propinas - possibilidade de mestrados integrados, que ocorreram nalguns cursos porque havia uma Ordem.
O problema é que a licenciatura é insuficiente, mas o mestrado é caro. E a arqueologia é assim tão lucrativa para passar a profissão de elites? A hobbie de médicos e arquitectos, de algum excêntrico a quem saia o Euro milhões?
-As escolhas dos alunos, pelo local onde o vão fazer, prendem-se muito com gestão de cursos. Onde têm familiares.. Portanto, não é opção, é a opção condicionada.
-A legislação desactualizada. (Por lei, a licenciatura chega.. mas o conceito de licenciatura é, actualmente, diferente)
- Falta regulamentação na actividade (responsabilidade da tutela).
E queremos nós ser úteis à sociedade.. sem leis..
-Propostas de estações-escola não aceites pela Flup.
Que já foi referido num comentário ao post anterior. Mas esta questão bate records. Acho que nem consigo dizer nada. Quando se cai em cima dos alunos da maneira que se caí.. e se diz que falta a prática, mas não se assinam protocolos.. Haja investimento dos alunos! Haja super-heróis!
-A gestão aprende-se no campo. A CULPA É DO POUCO INVESTIMENTO DOS ALUNOS.
E aqui, perdoem-me a "revolta". Mas há alunos que investem e os que não investem, em qualquer curso. Como há professores bons e maus. Como há bons e maus empresários. Dizer que os culpados dos males da arqueologia são os alunos, pf, é demais. Acabamos de chegar, muitos de nós não fazem mais pq não podem, e a culpa é nossa? Também não me querem dizer que a culpa de chover esta semana é minha? É que se quiserem, nesta linha, estamos à vontade.
Claro que não desresponsabilizo muitos alunos, mas como também um aluno referiu no debate, não somos todos iguais. Sinceramente, deixa-me triste quando todos sacodem a água do capote desta maneira.
As empresas dizem - aí que são incompetentes, a culpa é das Universidades que não os formam bem. As Universidades dizem - a culpa não é nossa, eles é que não se querem empenhar. Os alunos dizem - pronto, então não posso dizer que a culpa é do caracol que me andava a estragar as alfaces (o futuro de quem se forma em arqueologia), sendo assim, fico eu com as culpas.
Convinhamos.. Será que ninguém quer reconhecer claramente a porcaria das aplicações de Bolonha que por aqui se fizeram? É que nós temos que investir como diz Bolonha, mas o nosso ensino de Bolonha só tem exigências.
Não sei se alguém também tem ideia de que a vida de quem estuda não é só estudar. E que há mais para além da arqueologia. Ou será que devemos deixar de falar com os amigos porque temos 12 livros para ler por cada disciplina?
- O que é a qualidade em arqueologia, o que são bons e maus profissionais.
- Não temos relevância social.
- Falta dinheiro para publicar resultados.
- A lei exige, mas não faz cumprir - falta fiscalização.
- Na arqueologia de salvamento, a qualidade paga-se, mas quem pede o serviço não quer qualidade, quer custo reduzido.
(Já agora, qual é a culpa dos alunos aqui? Devem ter alguma..)
- Necessidade de convencer alguém de que a qualidade compensa.
- Mas há quem não possa pagar as escavações arqueológicas que a lei exige. Contribui isso para uma má imagem dos arqueólogos. São saca €.
E bem, praticamente foi isto que apanhei.. E sim, saimos de lá deprimidos.. ou mantivemos a depressão que já tinhamos antes de lá chegar..
"Enquanto houver estrada para andar, a gente não vai parar" diz o JP numa das suas músicas..
Sinceramente, temo que a estrada da arqueologia esteje a chegar ao fim. Quem puder, salve-a..
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2 comentários:
é triste :S
mas pronto, talvez os milagres existam, porque eu queria muito um!
Deixem para lá estas palavras, ditas por quem não sabe o que realmente se passa, ou por quem não está interessado em saber. O que me interessa a mim é que mudar tudo isto está nas nossas mãos. De dentro em breve já não estamos no papel de aluno (pelo menos universitário) e é nessa altura que realemente devemos erguer todas as nossas forças e fazer ver a todos aqueles que nos recusaram ajuda quando nós a pedimos, o que realmente valemos!
Força e não se deixem ir abaixo!!!
M.Cruz
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