Mas consegui um tempinho e cá venho aguçar de novo o interesse dos viewers deste blogue pelo cinema.
Antes, quero fazer um repto para que toda a gente oliveirense que nos visita frequentemente vá votar, porque não votar não é um acto de manifestar insatisfação nem é um acto de protesto mas sim de cobardia. Cobardia porque é a atitude mais fácil. E depois cobardia porque se acha no direito de poder cobrar alguma coisa a quem foi eleito ou de poder reclamar de quem foi eleito sem nele ter votado. Mas se abdicou do seu direito de escolha, como é que acha que tem direito de anuir sobre qualquer tomada de decisão? Enfim. VOTEM. Por favor.
Vamos ao cinema... Portanto, desde já informar que vou actualizar as minhas previsões (já lá vão 3 meses desde que eu falei de Óscares) durante as próximas 2 semanas e aproveitando isso vou contando tudo o que se tem passado com algumas produções que têm sido adiadas para 2010 e algumas produções de 2010 que têm sido avançadas para 2009, buzz dos festivais, um olhar mais detalhado sobre Toronto e sobre os filmes portugueses em competição por esse mundo fora e ainda falar sobre a nossa escolha para submeter ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, «Amor de Perdição». Isto tudo, então, nas próximas 2 semanas.
Para hoje, decidi falar-vos um pouco sobre os últimos filmes que têm passado pelo cinema que eu tenho visto...
CHÉRI/Chéri - Eu tinha este filme em alta conta até saírem as primeiras reviews. Pelas reviews que eu li notava-se desde logo que havia um desfasamento sério quanto ao filme e à sua banda sonora. Eu arranjei a banda sonora de Alexandre Desplat (para quem não sabe, o meu compositor cinematográfico favorito) para Chéri e adorei-a. E esperei pelo filme. Pois bem, o filme perde-se completamente. Usa a divinal banda sonora por vezes muito alto, por vezes no tempo errado, por vezes sem qualquer sentido, enfim, é uma confusão. O filme tenta tanto ser um drama com um volteface comédico que se perde no meio dos dois géneros, perdendo toda a sua 'poignance' e transformando-se numa miscelânia algo non-sense. Contudo, vemos neste filme duas graciosas figuras que elevam o nível: Michelle Pfeiffer com uma das melhores interpretações que já vi dela, Kathy Bates sempre bem no seu género de eleição: o «zinger», uplifting comédico num drama pesado. O argumento é de muito valor mas sem dúvida Frears é o homem a quem se deve apontar o dedo. Desaproveitou uma história, um elenco e uma banda sonora brilhantes e transformou o que podia ser um novo «Dangerous Liaisons» num qualquer «The Duchess». Nota: B- (Pfeiffer: B+; Desplat: A)
TAKING WOODSTOCK/Em Woodstock - O meu principal problema com Taking Woodstock é o facto de ser um filme de Ang Lee e, como Ang Lee bem explicou, ele gosta de ser diferente. Mas este filme é muito diferente de outros títulos dentro da sua filmografia (Sense and Sensibility, Brokeback Mountain, entre outros). Novamente o tema da homossexualidade a ser tratado no filme, desta vez de forma muito leviana e quase ocasional, mas o que me incomodou foi o retrato algo exagerado de uma geração que levava as coisas muito pouco a sério. Nudez a mais, excessos a mais, tudo a mais. O filme é enorme no seu potencial mas põe pouco em prática. Eu gostei do filme, é contagiante, tem cenas brilhantes mas no seu tudo é muito pouco eficiente em conseguir a admiração do público. Não é um filme para todos. Não é um filme sólido e, para quem viu os seus filmes anteriores, em particular Brokeback Mountain, só pode ficar desiludido. Ainda assim, gostei do argumento, gostei da banda sonora de Danny Elfman gostei de Demetri Martin (que certamente por cá andará mais tempo), Émile Hirsch sempre bem (como de costume) mas foi completamente (e ainda bem) surpreendido por Imelda Stauton. A mesma senhora de Vera Drake surge aqui em 'comic relief' de forma altamente hilariante e é sem dúvida a peça-chave do filme: sempre que aparece, eleva o filme para um patamar superior. Surpreende-me como não está sequer nos planos de ninguém para uma nomeação para o Óscar porque ela é francamente genial. Nota: B (Imelda: A)
THE HURT LOCKER/Estado de Guerra - Filme do ano na América, cada crítica melhor que a outra, chovem indicações ao Óscar e chovem apoios ao filme. Tanto é o buzz por este filme que eu decidi ir ver o que tinha de especial. E de facto não é nada extraordinário. Mas percebo porque os americanos gostam tanto dele. É um filme sobre um assunto polémico mas muito 'in' por lá, a Guerra do Iraque. É um drama denso, com um nível de complexidade diferente dos habituais filmes de guerra e de acção que se vê por aí. E tem um excelente elenco. Jeremy Renner e Anthony Mackie podiam claramente (e se calhar até vão) ser nomeados para o Óscar de Melhor Actor e Melhor Actor Secundário, respectivamente. Nota-se naquelas personagens tanta subtileza mas tanta coisa que é dos próprios actores que é um mimo vê-los no ecrã. De resto, o filme não tem nada de surpreendente, é um argumento bem pensado e bem executado - por uma realizador feminina ainda por cima, Kathryn Bigelow - mas que comete alguns pecados e com alguns diálogos completamente sem sentido nenhum (principalmente no início do filme). Ainda não entendi o 'cameo' de Ralph Fiennes e Guy Pearce mas pronto, deve ser uma jogada de marketing para chamar atenção do público para o filme. Nota: B (Renner: A-)
BRÜNO - Finalmente vi Brüno. Que desapontante. Que chocante. Gargalhadas desconfortáveis durante todo o filme que estava cheio de clichés e de polémica que causava mau estar. É um filme somente para gente amante do humor negro. Se não é um desses, salte fora. É uma ordem. Nota: C- (Argumento: B)
THE DAMNED UNITED/Maldito United - Michael Sheen imaculado como Brian Clough, treinador bicampeão europeu com o Nottingham Forest que colocou o Derby County no topo dos clubes ingleses mas que incrivelmente foi o treinador da Liga Inglesa que mais rápido foi despedido de um clube, neste caso do Leeds United. Sheen captura fantasticamente a personalidade fanfarrona e arrogante de Clough (um antepassado de Mourinho, for sure...) enquanto o filme navega pelo seu curto reinado à frente do Leeds. História muito interessante de Peter Morgan (duas vezes nomeado para Óscar, por The Queen e Frost/Nixon) e contada de forma indelével com um bom elenco. Nota: B (Sheen: A)
DISTRICT 9/Distrito 9 - Grande filme, um dos três melhores que já vi este ano (com Up! e com The Boat That Rocked), não posso dizer muito mais porque qualquer coisa que conte sobre o filme vai estragar a surpresa. E eu não quero porque o filme é mesmo bom. Vão ver. Nota: B+ (Argumento: A-)
THE BURNING PLAIN/Longe da Terra Queimada - Nem sei que dizer deste filme. O novo filme de Guillermo Arriaga (argumentista de Babel, 21 Grams, Amores Perros) tem um argumento soberbo (como é costume) mas falha em tanta coisa. O meu principal problema: acho que os argumentistas não deviam tentar realizar filmes. A visão não é a mesma. Tentam passar para o ecrã tudo o que está no papel, tentam criar o que imaginam na mente. E não é assim que deve funcionar. Neste filme nota-se bem essa dicotomia e o resultado é, obviamente, mau - o filme perde-se e o espectador perde a atenção (adormeci 2 vezes a ver o filme). De resto, Charlize Theron impecável no filme, ao contrário do restante elenco que é uma miséria (Basinger anda aos papéis o filme todo). Nota: B- (Theron: B)
LOS ABRAZOS ROTOS/Abraços Desfeitos - Estava em êxtase à entrada para este novo filme de Almodovar (um dos meus 5 realizadores favoritos do momento em conjunto com Paul Thomas Anderson, Gus Van Sant, Coen Bros. - que valem por um só - e Darren Aronofsky) mas saí de lá um pouco cabisbaixo. O início do filme prometia imenso mas no final ficou um amargo de boca. O potencial está lá, Penélope uns furos bem abaixo do normal (é talvez a parte mais fraca do filme), uma excelente banda sonora, um resto de elenco muito fiável (Blanca Portillo agradável como sempre) e um argumento que não engana, à Almodovar. Ainda assim, o filme perde-se nalgumas alegorias e nalguns pormenores que não interessam. Almodovar apresenta-se aqui com a complexidade e até com alguns paralelismos com Todo Sobre Mi Madre e até com Hable con Ella mas fica aquém destes títulos anteriores da sua filmografia. Não sei bem o que falhou. Sei que falhou. E sei que o filme tinha muito mais para dar. Terá sido o foco de um ponto de vista masculino? Terá sido a falta de enredo que adensasse a complexidade da persona de Lena? Não sei. Caberá a Almodovar julgar. Para já, o filme foi (novamente) excluído pela Espanha para a submissão para Melhor Filme Estrangeiro. Não será um sinal? Nota: B (Penélope: C)
Óbvio que recomendo todos os títulos que estejam na minha barra lateral de «Críticas e Opiniões» que tenham tido de B- para cima, alguns com mais reservas que outros (óbvio que recomendo sem hesitar tudo o que seja de B+ para cima, B- quer dizer que não agrada a toda a gente e um B quer dizer que é um filme sólido mas que depende dos géneros que uma pessoa mais goste de ver).
Deixar aqui ainda alguns filmes que estarão em Estreia ainda este mês que valem a pena ver:
* Orfã/Orphan (Vera Farmiga, Peter Sarsgaard)
* Morrer como um Homem (João P. Rodrigues, transexualidade)
* O Solista/The Soloist (Robert Downey Jr., Jamie Foxx)
* Desgraça/Disgrace
* 9 (Animação)
* ANTICRISTO/ANTICHRIST (Lars Von Trier)
* O DELATOR/THE INFORMANT (Steven Soderbergh, Matt Damon)
1 comentário:
Chéri
Uma desilusão. A história é bonita, mas mal contada. Dão relevância a cenas tão sem graça, e outras passam despercebidas, quando poderiam ter sido bem exploradas! Acho que compará-lo ao “The duchess” é um louvor, porque não sendo este último um excelente filme, também não é desastroso!
A banda sonora de Desplat é boa, mas não está nada adaptada à película, parece que foi feita completamente à parte!
Se Desplat tiver de ser nomeado, por favor que seja com Coco Avant Channel, onde brilha muito mais, é divinal!
The Hurt Locker
O público nem sempre gosta de filmes com temas muito actuais, porque é sempre difícil igualar a realidade, principalmente quando esta faz parte da nossa história contemporânea. Mas este filme consegue prender-nos! Não é só sobre a guerra em si, mas sobretudo sobre o perfil dos militares. Como é que se pode lidar com tamanha pressão?! E depois com a rotina pós-guerra?!... Tantas questões se levantam!
Quanto a Ralph Fiennes, admiro-o imenso, mas não percebo como é que ele aceitou um papel daqueles, que nada acrescenta ao filme! Devem-lhe ter pago muito bem, não?! Essa cena podia ter sido cortada e o filme só ganhava com isso!:)
Bruno
Eu faço parte do grupo que não o deve ver!:P Bastou-me saber a história!;)
Los abrazos rotos
Parece que faltou mesmo qualquer coisa… Mas eu gostei, principalmente dos últimos minutos! Para mim, o clímax da película foram aqueles instantes em que as mãos parecem querer sair do ecrã… e aquela frase arrepiou-me…
Penélope muito aquém das mais recentes prestações!
Acho que o filme anterior com o qual se fazem mais analogias é “Mujeres al borde de un ataque de nervios”…;)
The Soloist
É muito aborrecido! E é uma pena, porque tem em um tema potente! Se pudesse pegava nele e transformava-o em algo muito mais cativante!;)
Vale a pena vê-lo por Jamie Foxx, que mais uma vez esteve bem, mas dele também já não se espera outra coisa!
Os restantes, tenho de arranjar tempo para os ver…;) Alguns não passam deste fds! Espero!:D
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