segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
O orçamento e a cultura..
Excerto de notícia do público de 28 de Novembro de 2008
Artigo de Campos e Cunha "Orçamento em tempos de crise"
... "Outra sugestão de despesa é a exploração e a pesquisa de zonas arqueológicas cuja existência é conhecida, mas sobre as quais nada se sabe. Dizia-me um amigo americano que Portugal tem um potencial arqueológico absolutamente ímpar no mundo. Temos de tudo um pouco, temos paleolítico, celta, fenício, romano, bárbaro, árabe, etc. A nossa melhor estação arqueológica é Conímbriga e nem essa está integralmente estudada. Mas o abandono do Cromeleque dos Almendres, de Foz Côa, dos castros,
das mamoas, das vastas e inúmeras ruínas romanas faz dó. Há arqueólogos, historiadores, botânicos, zoólogos... no desemprego. Há pequenas obras para pequenos centros explicativos que tornariam pequenas empresas de construção viáveis. Etc, etc. O país ficaria mais atraente para o turismo de qualidade, que não o é, criávamos
emprego e não hipotecávamos o futuro, pelo contrário.
Uma terceira sugestão (bastaria copiar dos espanhóis) é aumentar o orçamento da Cultura. Durante os próximos dois anos, pelo menos, é natural e esperada uma
crescente dificuldade em obter apoio mecenático das empresas para as actividades das instituições culturais e para continuar a comprar obras de arte para as colecções
nacionais. Por outro lado, deverão aparecer boas peças de arte a preços excepcionalmente baixos, que deveríamos aproveitar, pois Portugal é paupérrimo em
colecções de arte. O Orçamento para 2009 faz exactamente o contrário.
Estes exemplos, entre muitos, são despesas que podem ter consequências quase imediatas na economia, que melhorariam significativamente a qualidade de vida dos
portugueses e com elevado impacto no emprego. Mais ainda, porque são pequenos
projectos, não criam problemas orçamentais a prazo, porque são limitados no tempo."
Diria eu, ideias não faltam.. Falta apenas quem as aplique..
Confesso que ver a arqueologia e o património como fonte de resolução deste dito problema teria a sua piada.. Obrigaria muita gente das ditas "ciências exactas" ou melhor, que não se formam em cursos das Faculdades de Letras reconhecerem que afinal esta área científica "serve, afinal, para alguma coisa"..
Lá se iam as frases do tipo "Estudar o passado não interessa. Temos é que estudar o futuro".
Pois, Património por estudar não falta.. Claro que associar a vertente turistica e comercial demasiado aos sitios me parece ligeiramente perigoso.. Mas o equilíbrio sempre foi uma boa solução, tudo qb.
Parece que nem toda a gente acha que a cultura é um bichinho que só serve para comer dinheiro sem dar algum retorno..
Mas.. é este o pensamento que reina nos ditos "homens do futuro"..
"Portugal, Portugal.. enquanto ficares à espera, ninguém te pode ajudar.."
Artigo de Campos e Cunha "Orçamento em tempos de crise"
... "Outra sugestão de despesa é a exploração e a pesquisa de zonas arqueológicas cuja existência é conhecida, mas sobre as quais nada se sabe. Dizia-me um amigo americano que Portugal tem um potencial arqueológico absolutamente ímpar no mundo. Temos de tudo um pouco, temos paleolítico, celta, fenício, romano, bárbaro, árabe, etc. A nossa melhor estação arqueológica é Conímbriga e nem essa está integralmente estudada. Mas o abandono do Cromeleque dos Almendres, de Foz Côa, dos castros,
das mamoas, das vastas e inúmeras ruínas romanas faz dó. Há arqueólogos, historiadores, botânicos, zoólogos... no desemprego. Há pequenas obras para pequenos centros explicativos que tornariam pequenas empresas de construção viáveis. Etc, etc. O país ficaria mais atraente para o turismo de qualidade, que não o é, criávamos
emprego e não hipotecávamos o futuro, pelo contrário.
Uma terceira sugestão (bastaria copiar dos espanhóis) é aumentar o orçamento da Cultura. Durante os próximos dois anos, pelo menos, é natural e esperada uma
crescente dificuldade em obter apoio mecenático das empresas para as actividades das instituições culturais e para continuar a comprar obras de arte para as colecções
nacionais. Por outro lado, deverão aparecer boas peças de arte a preços excepcionalmente baixos, que deveríamos aproveitar, pois Portugal é paupérrimo em
colecções de arte. O Orçamento para 2009 faz exactamente o contrário.
Estes exemplos, entre muitos, são despesas que podem ter consequências quase imediatas na economia, que melhorariam significativamente a qualidade de vida dos
portugueses e com elevado impacto no emprego. Mais ainda, porque são pequenos
projectos, não criam problemas orçamentais a prazo, porque são limitados no tempo."
Diria eu, ideias não faltam.. Falta apenas quem as aplique..
Confesso que ver a arqueologia e o património como fonte de resolução deste dito problema teria a sua piada.. Obrigaria muita gente das ditas "ciências exactas" ou melhor, que não se formam em cursos das Faculdades de Letras reconhecerem que afinal esta área científica "serve, afinal, para alguma coisa"..
Lá se iam as frases do tipo "Estudar o passado não interessa. Temos é que estudar o futuro".
Pois, Património por estudar não falta.. Claro que associar a vertente turistica e comercial demasiado aos sitios me parece ligeiramente perigoso.. Mas o equilíbrio sempre foi uma boa solução, tudo qb.
Parece que nem toda a gente acha que a cultura é um bichinho que só serve para comer dinheiro sem dar algum retorno..
Mas.. é este o pensamento que reina nos ditos "homens do futuro"..
"Portugal, Portugal.. enquanto ficares à espera, ninguém te pode ajudar.."
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