quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Filmes 2008: TOP e FLOP

Vamos ao meu top12 de filmes produzidos em 2008...


TOP 12


12. Burn After Reading/Destruir Depois de Ler




Com Pitt, Clooney, McDormand, Swinton, Jenkins, Malkovich... Que filme mais estranho! É o que eu tenho desde logo que dizer... A nova aposta dos irmãos Coen (Fargo e No Country For Old Men) apanhou-me de surpresa quanto à simplicidade com que se pode montar desde logo uma data de embrulhadas só com a perda de um CD. Incrível. Este filme é uma estupenda sátira à estupidez, idiotice, temperamentalismo, convencimento e até à luxúria e ambição americanas. E depois, quando se tem um elenco com esta qualidade e capaz de fazer passar a ideia de todo um filme que parece ser a brincar, a gozar, temos um sucesso. Os filmes dos Coen nunca podem ser apreciados à primeira visualização, devem ser saboreados olhando para trás, em retrospectiva. É um filme cómico, sádico, profundo. E não é nada daquilo que eu estava à espera quando entrei na sala de cinema. A minha nota: B


11. Hunger/Fome



Com Michael Fassbender no principal papel, realizado por Steve McQueen. Este filme lembrou-me mais do que nunca a história de El Maquinista (2004), com Christian Bale. Pela aparência do personagem, pela condição mental, pelo próprio enredo. McQueen retrata a história verídica de Bobby Sands, um prisioneiro irlandês que morre na prisão (onde estava encarcerado por suposta colaboração com o partido republicano) por lutar contra o domínio político. O filme chama-se «hunger» porque ele ficou famoso pela sua irrepreensível greve de fome que eventualmente o levou à morte seis semanas depois. A minha nota: B+


10. In Bruges/Em Bruges


Com Colin Farrell, Brendan Gleeson, Ralph Fiennes. Outro filme que me apanhou positivamente de surpresa. Estava à espera de entrar no cinema e ver mais um filme com mortos e assassinos. Enganei-me redondamente. A história, muito bem montada por Martin McDonagh (nomeada inclusivamente para o Óscar de Melhor Argumento Original), é o ponto forte do filme no qual o seu elenco, Colin Farrell em particular, parece brilhar ainda mais. Dizer que é a melhor performance de Colin Farrell até ao momento parece dizer muito. Este filme conta a história de um assassino a sangue frio que se arrepende profundamente do que fez e que se sente patologicamente culpado, nunca conseguindo realmente fugir dos seus pensamentos e dos seus problemas. Em Bruges, para onde são enviados ele e o seu colega de profissão - brilhante Glesson - depois do fracasso da sua última missão, começam a partilhar as suas ideias de vida e morte, de culpa, de arrependimento e ultimamente a história torna-se uma caça entre os dois assassinos que não se sabe onde vai parar. Film noir brilhante com momentos de humor negro hilariantes. A minha nota: B



9. Vicky Cristina Barcelona


Com Penélope Cruz, Rebecca Hall, Javier Bardem, Scarlett Johansson, Patricia Clarkson. Realizado por Woody Allen. Finalmente, uma nova história de Woody Allen da qual nos podemos orgulhar. Tenho quase a certeza que há muita gente que não compreende este filme. A sua complexidade, a sua inteligência, a sua irreverência partem todos do mesmo ponto: quando é que algum filme de Woody Allen foi fácil de perceber? Adorei este filme. Só não lhe dei nota mais alta porque há performances (Bardem, Johansson... parecem dormir o filme todo) que não merecem nota mais alta. A vibrar em alta frequência estão Rebecca Hall e Penélope Cruz (nomeação para Óscar de Melhor Actriz Secundária). Penélope, em particular, é fabulosa. Depois daquela impressionante Raimunda em Volver de Almodovar, estamos perante mais uma lunática explosiva. Desta vez de uma ex-mulher cheia de luxúria e loucura que parece dinamitar a vida de todos os que a rodeiam. O filme parece indirectamente falar todo sobre ela. Na 1h10 antes de surgir, todos os personagens sabem quem é, sabem como é, sabem o que ela faz aos outros. Nos 40 minutos que se seguem, as pessoas - e os espectadores - percebem o tour-de-force, a vivacidade desta mulher que no fundo só quer na vida duas coisas: amor e liberdade. As paisagens e os sítios pitorescos das cidades espanholas só acrescentam um brilho suplementar ao filme. Ah, como eu desejei ser Vicky e/ou Cristina em Barcelona naquelas 2h... A minha nota: B+


8. Happy-Go-Lucky/Um Dia de Cada Vez




A minha resolução de ano novo é ser mais como a Poppy de Happy-Go-Lucky. Louca mas divertida, irritante mas com um bom coração, desapontada mas optimista. Nada na vida dela a deixa de rastos. E era assim que eu queria ser. Melhor frase de todo o filme: «I want you to be happy, Poppy! I am happy - yeah it can be tought at times but that's part of it - I've got great job, brilliant kids, amazing friends, I'm a really lucky lady I know that!» Ela é uma professora de primária com uma viciante vontade de viver e uma atitude optimista sobre a vida. Fantástica, alegre, festiva. Ela consegue pôr toda a gente à volta dela com uma nova atitude perante a vida. Até quando a sua adorada bicicleta é destruída ela só consegue dizer: «And I didn't even have a chance to say goodbye...» Estreia: 12 Fevereiro


7. Entre Les Murs/A Turma


História belíssima sobre um semestre de um professor de uma turma de uma escola secundária de um bairro parisiense muito conflituoso. Os problemas externos à escola parecem todos vir ao de cima naquela sala de aula (choque de culturas, de personalidades e mesmo de pessoas), tornando o trabalho do professor multiplamente mais difícil. No entanto, o professor consegue conquistar os alunos com os seus métodos se bem que de vez em quando é desafiado a tentar algo diferente pelos próprios alunos - que são de início surpreendidos mas que aceitam progressivamente as ideias do seu professor. A minha nota: A-


6. Slumdog Millionaire/Quem quer ser bilionário?





Com Freida Pinto, Dev Patel, Anil Kapoor. Realizado por Danny Boyle. Bollyhood ao estilo de Hollywood. Filme soberbo com uma história simplista mas enternecedora. Jamal Malik conta a história da sua vida e explica-nos a todos como o destino é a arma mais poderosa que existe. O destino levou-o ao «Quem quer ser Milionário?». O destino fez dele milionário. O destino conduziu-o sempre até ao seu verdadeiro amor. Só mostra que as coisas quando têm de acontecer acontecem. E durante o filme ele recorre a várias analepses - retorno ao passado - para explicar como um pobre vagabundo (slumdog) como ele é poderia saber a resposta a todas as perguntas - é que cada pergunta está relacionada com um marco importante na sua vida... Então... «Se Jamal ganhar o prémio, deve-se... A: Sabedoria; B: Sorte; C: Batota; D: Destino» a esta pergunta acho que agora já saberão responder... Apesar de toda a pobreza e misogeneicidade na Índia que são retratadas no filme, os desempenhos, a beleza e a alegria que o elenco transmite para o ecrã são os pontos a favor que fazem deste filme, aos olhos de quase todo o mundo e de quase todos os precursores (incluindo SAG e Globos), o filme de 2008. A minha nota: A-


5. The Wrestler/O Wrestler (O Lutador)




Com Mickey Rourke, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood. Realizado por Darren Aronofsky. Quando este filme saiu a público o sentimento que reinava era de indiferença. Só depois das primeiras visualizações o filme começou a ser falado, mas ainda assim desprezado pela maioria dos media e dos precursores - só o «comeback», o retorno de Mickey Rourke ao estrelato é que teve impacto; com isso beneficiou depois Marisa Tomei... A verdade é que o filme é uma preciosidade rara nos tempos que correm. A luta, o sacrifício daquele homem, The Ram, a sua humanidade, a sua simplicidade, dão-nos uma nova visão sobre a vida, sobre a luta, sobre ultrapassar obstáculos. Tanto ele como Cassidy são grandes na sua profissão – ele no ringue, ela no clube de strip – mas são tristes, vazios seres humanos quando estão sós. Se juntarmos performances excepcionais de Marisa Tomei, de Mickey Rourke e Evan Rachel Wood, a melhor canção do ano (também esquecida pela Academia!) de Bruce Springsteen - que se adequa na perfeição ao filme - e o excelente trabalho do realizador Darren Aronofsky, temos um filme simples mas brilhante, emocionante e optimista, que nos mostra que na vida as coisas nem sempre são fáceis mas há que arranjar maneira de conseguir dar-lhes a volta. É um filme pequeno, limitado, mas é talvez o filme mais completo do ano. Estreia: 26 Fevereiro


4. Rachel Getting Married / O Casamento de Rachel


Com Anne Hathaway, Rosemarie De Witt, Debra Winger, Bill Irwin. Realizado por Jonathan Demme. Anne Hathaway continua de olhos bem abertos e com um sexto sentido excepcional na escolha dos próximos projectos. Desta vez acertou na mouche: Kym é uma ex-viciada em drogas e álcool que é faz da vida da família e dos amigos um inferno completo. Não tem conserto e ela mesmo parece gostar de fomentar essa ideia. Ela chega a uma casa em festa pela proximidade do casamento da sua irmã Rachel – que é por acaso a única pessoa que não desistiu ainda dela – e chega quase a desmoronar a família. O pai não lhe fala, a mãe tem medo de lhe falar, a irmã fala-lhe demais e o resto da família e dos amigos simplesmente a ignora – uns porque já não acreditam no arrependimento dela, outros porque ela já lhes fez demasiadas coisas para que a possam perdoar. Emoções sobem à superfície, discussões familiares incessantes começam a estalar, drama começa a instalar-se no seio desta peculiar família que não parece ter conserto. O elenco é cinco estrelas, a história iguala o desempenho das suas estrelas e Anne Hathaway consegue a performance de uma vida. Jonathan Demme tem mais um sucesso em mãos e este Rachel Getting Married pode mesmo ser um dos filmes mais desprezados dos últimos anos. É de um brilhantismo extremo. Mas aparentemente é pequeno demais para os gostos da Academia. Estreia: 12 Fevereiro


3. Milk


Com Sean Penn, Josh Brolin, James Franco, Emile Hirsch, Diego Luna. Realizado por Gus Van Sant. Se há filme pelo qual eu vou torcer nos Óscares, esse filme é Milk. Conta a história verídica de Harvey Milk, um político gay que é brutalmente morto no dia da comemoração da sua vitória sobre a Proposition 6, quando sobe ao palco. A morte de Milk abriu os olhos de todo o país para a xenofobia e racismo que continuam a existir muito após o apartheid e a perseguição aos negros. A luta pela igualdade de direitos dos homossexuais é a luta deste século. Milk e os seus pares lutaram contra a votação da Proposition 6 que almejava permitir a descriminação contra os homossexuais no estado da California. Felizmente, nos anos 70, essa proposta falhou. A Proposition 8 é hoje em dia um dos assuntos mais polémicos nos EUA. Pretende exactamente o mesmo que a Proposition 6 – descriminação contra os gays no estado californiano – mas esta conseguiu mesmo ser aprovada. A sensibilidade e a emoção patentes ao longo do filme tornam esta obra de Gus Van Sant, em conjunto com o seu aclamado elenco, um dos melhores filmes deste ano e possivelmente dos últimos anos. A minha nota: A ser anunciada (estreia hoje)


2. The Dark Knight/O Cavaleiro das Trevas



Com Aaron Eckhart, Christian Bale, Heath Ledger, Maggie Gylenhaal, Michael Caine, Gary Oldman e Morgan Freeman. Realizado por Christopher Nolan. Outro filme que me apanhou de surpresa este ano foi a sequela de Batman: Begins. The Dark Knight sofre de alguns dos problemas que ainda atormentam o género dos filmes de superheróis - erros na edição, na cenas de acção, na aclamação pela AMPAS - que mais uma vez erra ao não nomear este filme também para Melhor Filme - e depois quer que se lhe chame moderna! - mas que resolve todos os outros problemas de forma extraordinária. The Dark Knight recebeu 8 nomeações para os Óscares (quase todas as categorias técnicas mais melhor actor secundário) e merece-as - até merecia mais. Mas pronto, discutindo os pontos principais: 1. este Joker de Ledger mete medo; ele personifica a lenda do «dark clown» como nunca, arrumando para canto o de Nicholson em 89'. 2. Bale continua a sua saga como o melhor Batman de sempre: em sofrimento real, em constante retrospecção, em constante dúvida. 3. melhor elenco de sempre num filme de acção - Maggie Gylenhaal dá uma dimensão extra a Rachel Dawes que Katie Holmes nunca poderia dar; Aaron Eckhart faz um perfeito Harvey Dent, cavaleiro andante; Morgan Freeman, Gary Oldman e Michael Caine são os perfeitos parceiros do crime de Batman. 4. melhor banda sonora do ano - e mais uma vez não reconhecida pela AMPAS - Zimmer e Newton Howard juntam-se para dar uma profundidade, uma sobriedade e uma escuridão ao mundo de Batman nunca antes vivenciadas pelo público. 5. história de outro mundo - em particular a pequena história da origem do Joker - humor negro no seu melhor. 6. efeitos especiais de arromba - nunca Gotham City pareceu tão assustadora. Enfim... Um filme especial, talvez mesmo o melhor do ano para muitos, sem dúvida um dos 5 melhores deste ano - mas não para a Academia... velhos ridículos! Não importa - este filme e este Joker perdurarão na memória para sempre - com muitos ou poucos Óscares a acompanhar... A minha nota: A-


1. Wall-E







Escrito, realizado e produzido por Andrew Stanton. Este robot engraçado e desajeitado é a estrela principal do filme número 1 de 2008 - falta de consideração dos Óscares de não honrarem este filme animado com uma nomeação para Melhor Filme, o que já não acontece desde 91' com A Bela e o Monstro. Enfim. Falta de tacto, falta de memória ou mesmo falta de respeito. Com receitas de bilheteira que ultrapassam os 300 milhões de dólares, Wall-E é um robot cuja função é recolher e empilhar o lixo da Terra, uma Terra que nós humanos abandonámos há muito tempo. E na qual ele é o único sobrevivente (se é que pode chamar a um robot sobrevivente). Este robot só deseja um amigo verdadeiro com quem possa partilhar as suas experiências do dia-a-dia. O seu pedido chega à Terra na forma de EVE, uma robot a princípio esquisita mas depois amorosa com quem faz amizade. E quando EVE parte depois de cumprida a sua missão, Wall-E parte também à aventura, em busca da única amiga que alguma vez teve. Este robot cheio de sentimentos e emoções era a nova aposta da Pixar em busca da maior glória cinematográfica mas a AMPAS não lhe deu ouvidos - e assim junta-se a «Finding Nemo» e «Ratatouille» como as outras duas tentativas de extremo sucesso junto do público. A minha nota: A-


TOP DOS FLOPS


Nem preciso de os descrever. Aqui estão as minhas propostas para a lista dos flops deste ano...

1. The Women/Mulheres! (remake de uma boa história dá fracasso total... alguém me explica como é que Debra Messing (ex-Will & Grace) continua a ter emprego?)
2. High School Musical 3 (sem comentários... 1 já chegava, já vamos em 3)
3. Meet Dave/Grande Dave (novos horizontes do ridículo para Eddie Murphy)
4. Mad Money/Dinheiro Vivo (para onde caminha a carreira de Diane Keaton?)
5. Mamma's Boy/O Menino da Mamã (de novo, para onde caminha a carreira de Diane Keaton?!)
6. The Other Boleyn Girl/Duas Irmãs, Um Rei (tanto erro de casting como de qualidade... Natalie Portman e Scarlett Johansson nunca se encontraram verdadeiramente... o que fez com que a performance de Eric Bana afundasse com o navio...)
7. Mummy: Tomb of the Dragon Emperor/ A Múmia 3 (como no High School Musical... 1 já chegava... bem, assim a TVI tem mais diversidade... se fizerem um quarto a TVI sempre pode passar 1 por semana, e podemos ver os 4 todos os meses...)
8. You Don't Mess With the Zohan/Não te metas com o Zohan (porque raio dão dinheiro ao Adam Sandler para fazer todo o santo filme que lhe dá na tola? Meu Deus, que estupidez de filme!)
9. Superhero Movie/Superherói (o mesmo ridículo de Scary Movie e etc...)
10. Hancock (novo filme de batam palmas a Will Smith pelo $ que nos dá)
11. The Eye (oh Jessica Alba!)
12. Mamma Mia! (não é um flop por inteiro porque até gostei do filme - nota C+; mas é um flop a muitos, muitos níveis para eu o deixar passar - a voz de Pierce Brosnan fala o resto que eu nem preciso dizer mais nada...)

3 comentários:

Sara Almeida Silva disse...

Oh' o Wall-E é um fixe..
Também vi o Nemo..:)

São o Rei Leão destas gerações ;)

Isso sim são filmes decentes..
E porque raio ainda ninguém falou do Second life?

*

Jorge Rodrigues disse...

Porque não me apetece x)

Tou a brincar... post sobre cinema portugues para sair brevemente... na antevisão de 2009 ;)

Anónimo disse...

o sean penn es mui bueno