domingo, 8 de março de 2009

Notas, avaliações e notas..

Bem, depois de uma ligeira pausa nas minhas temíveis “reflexões”, o assunto sobre o qual me decidi debruçar não é propriamente bonito, interessante ou engraçado..

A questão da avaliação… Agora muito discutida com a contestação dos professores (mas não foi isso que me trouxe aqui)..
Sabemos nós que quase todas as profissões são, nos dias que correm, alvo de avaliações por parte das entidades superiores da instituição em causa..
Nessas avaliações, normalmente, há um número limitado e restrito de boas notas a atribuir. Imaginemos num universo de 25 funcionários, poderiam apenas ser atribuídos 3 níveis de Muito Bom..
Nesse caso, os diferentes avaliadores teriam que pensar numa nota para um funcionário, mas depois.. na junção de todas as notas, haveria demasiados Muito Bons... Independentemente do desempenho do funcionário, teria que haver uma remoção de “boas notas”.. Aí, dependendo de quem tivesse que desempatar a situação, os critérios poderiam ser distintos.. incluindo a adorável máxima portuguesa do efeito C, ou coisas que tais..

Justiça das avaliações e critérios para as mesmas estariam sempre, neste caso, condicionados ao “número de vagas”.. Não me parecendo esta situação justa, passemo-la para outra área..

O ensino..

Ora, no ensino – alunos, a avaliação é o culminar de períodos de trabalho e esforço (ou não), e deveria exprimir essa situação, no entanto, nem sempre é assim que as coisas funcionam..

E, que eu saiba.. não há, nesta área, um “número de vagas limite” para a atribuição de determinadas notas..

Ao longo do nosso percurso escolar, a avaliação é, sem dúvida, um aspecto que muito interfere e condiciona a postura do aluno..
São muitas as injustiças, e quem por lá passou sabe do que falo.. No básico, por muito insignificantes que sejam as notas (entenda-se insignificantes no sentido da sua interferência directa a nível de futuro dos alunos), ninguém gosta de ter um 4 e ver que um colega qualquer teve 5, porque era o “menino(a) lindo(a)” do professor..
Estas situações vão gerando alguns conflitos entres os colegas, entre alunos e professores, mas.. aguentam-se..

Quando chegamos ao Secundário, é acima de tudo fomentado um objectivo (para quem pretende continuar os estudos e tens as situações bem definidas): trabalhar para uma média.
E aí, as coisas começam a ter um cariz bastante mais implicativo em termos de futuro.. Havendo cursos em que se entra, porque toda a gente entra; há outros em que as coisas não funcionam assim..
Os conflitos agravam-se, existem recursos que muitas vezes não são utilizados porque os professores podem ser os mesmos no ano seguinte e a situação iria complicar-se..
As notas são cruciais e vão condicionar o futuro.. há as injustiças claras, os favores, os benefícios mas, também há afirmações como “O 20 é para Deus; o 19 é para mim, e eventualmente o 18 é para o aluno” – tive um professor que dizia isto..
E ao ouvirmos tal coisa, bem, mais vale pensar em não trabalhar, porque entre um 9 e um 10 sempre se arranja alguma coisa para passar o aluno – o típico desenrasca.. Mas nos patamares mais acima há claramente um limite bem definido que nunca se alcançará.
Também há casos em que os Srs Profs fazem coisas muito bonitas como, por exemplo, dar notas ao “acaso”, tendo em conta que há elementos de avaliação em cujos olhos deslizam vagamente e depois, a nota.. o conteúdo do dito cujo elemento, bem, isso, não é o importante..

E daqui também surgem aquelas divergências e conflitos como havia em Oliveira entre duas escolas secundárias.. Numa não havia limite de notas, 18, 19 e 20.. na outra, um 16 era quase um 20.. E é assim que se selecciona quem entra no ensino superior..
E quantos não foram os que mudaram de escolas por este alegado facilitismo..
De qualquer das formas, há ainda uma vantagem no secundário, é que os professores são obrigados a divulgar as notas dos diferentes elementos de avaliação..
E destas situações se faz o ensino, cada vez mais, influências no futuro..

Quando chegamos ao ensino superior, pensamos que essas coisas acabaram, porque os professores nem nos conhecem, não sabem quem somos, nem quem são os nossos pais (às vezes..)
Mas, as histórias voltam a repetir-se.. Os elementos de avaliação não lidos, cujas notas são dadas “ao acaso”.. As injustiças nas notas, comparadas com os outros.. Os LIMITES, esses sim, muito bem definidos.. e, atrevia-me a acrescentar, a falta de transparência de todo o processo avaliativo.
E acho que não preciso de ser muito explicita quanto à importância das avaliações nesta fase da nossa formação.. tendo em conta o que vamos fazer no futuro, independentemente de pensarmos em mestrados e doutoramentos ou apenas no mercado de trabalho..
Bem, agora as coisas dividem-se ligeiramente, ou temos avaliações continuas ou apenas exames..
Nos exames, há uma nota e fim da história..Não há muito por onde se lhe pegar.. Se bem que há quem corrija exames em meia tarde e quem demore um mês.. A teoria de dar notas ao acaso..

Bem, nas questões das avaliações contínuas.. Nunca, na minha curta vida académica, vi divulgadas as notas dos vários elementos avaliativos, sejam testes, apresentações, trabalhos ou relatórios, nunca nenhuma nota foi divulgada sozinha.. o bolo, aparece no fim do semestre debaixo da alçada da classificação final.. o resto.. chapéu..
Também há as regularidades, em alguns professores, quase mais de metade dos alunos a terem a mesma nota, ou uma variação entre duas notas.. Seremos todos iguais?

Enfim, também há aquelas alterações de normas avaliativas a meio dum semestre.. Não me perguntem é se é legal ou não.. acrescentar elementos com uma semana de “antecedência”.. fazer uns trabalhos manhosos que alegadamente contam para a avaliação mas que no fim de contas, não contam..
Bem, e para finalizar, aquelas considerações e revelações que eu acho ligeiramente desadequadas por parte de alguns docentes..
“Se foram ali à Faculdade de ____, eles são muito mais exigentes e as não têm 17 e 18. Eu bem gostava de perceber como há quem, nesta faculdade, dê notas dessas, 16,17, 18 e 19.” (Comentário – o 20 nem existe.. Não seriam os docentes a estabelecer os graus de exigência das suas disciplinas? Ou lá por ser a mesma faculdade podemos generalizar?..)
Na prática, depois vemos estes comentários aplicados, as notas de Deus, aqui são os 16, e têm número limitado, 2 ou 3..

Bem, começo definitivamente a achar que entre a hipótese de haver uma grande aplicação do aluno ou uma pequena.. A pequena é de facto a melhor.. Na maioria das vezes, obtém-se classificação positiva, a disciplina fica feita, não dá trabalho e ninguém se chateia..

Só não sei é como quem tem telhados de vidro.. atira tanta pedrinha pró ar..
Qualquer dia, não são só os azulejos da Faculdade de Letras que caem.. Este ensino superior já não tem salvação possível..

(Espero eu.. que este discurso não seja generalizável aos outros cursos, faculdades e universidades..)

Na realidade, a justiça de notas, a transparência das avaliações.. não sei’ mas nunca de tal ouvi falar..

*

2 comentários:

Anónimo disse...

ahahhah hoje de tarde disseste q tavas a escrever isto :D.
quando fizer oq tenho a fazer ja venho ler o texto todo lol

Anónimo disse...

ai sara, sara...
que isto do ensino está todo perdido...

o que está a dar é lançar a culpa para quem manda, ou deveria mandar.

ver quem se assume com plagio a levar nota igual aos que não fizeram, senão for melhor!

sermões sobre os ditos plagios, que duram , duram (parece que estamos no secundario outra vez e parece que vai haver um novo tema na proxima aula)...

as notas aparecem feitas de ingredientes, que devem ser magicos, ou então as proporcões devem ser sagradas, pk nunca nenhuma foi divulgada, enfim é o que temos...

já não bastava a abertura de sondagens no meio da faculdade e a chuva de azulejos!!