Continuando a série de previsões para a cerimónia dos Óscares de 2010... Já falámos de Melhor Actor e Melhor Actriz, vamos agora à categoria de Melhor Actor Secundário.
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO (Best Supporting Actor)
Mark Ruffalo, Shutter Island
James McAvoy, The Last Station
Peter Saarsgard (Alfredo Molina), An Education
Kodi Smith-McPhee, The Road
Matt Damon, The Human Factor
Ben Kingsley/Jackie Earle Haley, Shutter Island
Stanley Tucci, The Lovely Bones
Liev Schreiber/Émile Hirsch, Taking Woodstock
Richard Kind, A Serious Man
Christian Bale, Public Enemies
Bom. Shutter Island é capaz de ser GRANDE. Mesmo Grande. Tem Scorcese, um elenco com muita qualidade e é um filme ao estilo da Academia, mexe com os temas que mais lhes interessam. E depois porque estreia naquele maravilhoso mês de Dezembro e isso é o que interessa aos membros da AMPAS com mais de 40 anos... Enfim. Dos actores secundários de Shutter Island - e há muitos, tal e qual as actrizes - o que tem melhores hipóteses é Mark Ruffalo. Seja porque já merece uma honra destas pela carreira preenchida e multifacetada que tem, pautada por talento e dedicação aos papéis, quer seja porque é o papel mais apetecível, quer seja porque é mais famoso que Earle Haley que é a outra grande possibilidade. Ben Kingsley é mais remoto mas ainda assim há que considerar: vencedores de Óscar são sempre estrelas bem-vindas ao Kodak Theatre de novo. Depende do buzz de cada um e da performance. Quem mais tempo conseguir roubar, é quem mais chances tem de ser nomeado.
O papel de Kodi Smith-McPhee é muito, muito interessante. Pelo que sei do livro e pelo que parece de quem já viu o filme antes de ele ir para pós-produção, ele é excelente no papel. E tem grande química com Viggo Mortensen, o Pai na história, o protagonista. Se tudo correr bem, estará no Kodak em Fevereiro. Basta que o filme consiga ter sucesso - se sim, acho que tem um pé lá dentro. Se o filme não conseguir impressionar (filmes de 2008 que são adiados e tal de vez em quando perdem o comboio, o buzz vai-se...), tenho dúvidas. De qualquer forma, já em 2008 apostava nele como actor secundário e mantenho-me na mesma em 2009.
Matt Damon vai ter um grande ano - em perspectiva, pelo menos para já, parece um excelente ano. Dois papéis principais, ambos lhe podendo valer uma nomeação para melhor actor - Green Zone e The Informant - e um papel secundário no filme mais Oscar-y do ano: The Human Factor, o biopic político com Morgan Freeman a fazer de Nelson Mandela e com Eastwood a realizar. Matt Damon faz de François Piennar (pessoa real: +1000 pontos aos olhos da Academia), tem uma parcela considerável de tempo de ecrã (fundamental para um actor secundário), tem uma carreira respeitada (um Óscar ganho pelo argumento de Good Will Hunting, vários papéis de relevo) e um único senão: a Academia pode considerar que Pienaar não é um papel secundário e sim principal e tendo em consideração uma dupla de protagonistas, Mandela/Pienaar, parece-me que Damon perde para Freeman à grande e à fartazana. Se tudo correr bem e a campanha for correcta, Damon terá esta nomeação seguríssima.
James McAvoy está num filme que ainda é uma incógnita. Se for bom, Plummer e McAvoy podem ter os dois boas possibilidades de chegar ao Kodak. Se não for... Não sei. A verdade é que McAvoy tem-se vindo a solidificar ao longo dos últimos anos - The Last King of Scotland e Atonement não lhe valeram uma nomeação não sei porquê, em ambos foi fenomenal, em ambos foi actor principal - o que serve de justificação para não ter sido nomeado em nenhum dos casos... Bom. Em The Last Station, será que o papel é bom o suficiente para lhe dar a nomeação que já merece? E o tempo de ecrã? Esperemos para ver.
Alfredo Molina e Peter Saarsgard são «jogadores de reserva» em An Education, o filme que desde o início da Primavera tem posto toda a gente a falar. Se tudo correr bem e o público responder, pode ser um dos grandes sucessos do ano e além de conseguir talvez sacar uma nomeação para Carey Mulligan, pode arranjar outra nomeação para um (ou para os 2, nunca se sabe) destes actores. Peter Saarsgard tem o papel mais interessante e até mais tempo de ecrã, mas diz-se que Alfredo Molina é quem torna o filme mais interessante - que é o principal objectivo de um actor secundário, acrescentar algo ao filme. Qualquer um dos dois já merece ser nomeado. A ver se pelo menos um deles estará na gala.
Stanley Tucci é o assassino da história de The Lovely Bones e se há papel secundário nessa história que é capaz de uma nomeação, é esse. O problema do filme é que não sabemos muito bem como vai ser adaptado o livro. É que no livro, Susie (o papel de Saoirse) e Jack (o pai de Susie, papel de Mark Wahlberg) são os protagonistas. Abigail (papel de Rachel Weisz), Lindsey, Avó Lynn (papel de Susan Sarandon) e Harvey (papel de Stanley Tucci) são os secundários. Mas nunca se sabe como as coisas ficam depois. De qualquer das formas, assassinos, pedófilos, loucos, etc. soam sempre bem aos ouvidos dos membros da Academia. Se o filme for bom, é capaz de ser um dos que mais hipóteses tem desse filme de ser nomeado.
Ewan McGregor e Richard Gere são, na minha opinião, possibilidades remotas. Ewan e Richard nunca foram nomeados (não sei porquê, na verdade - Moulin Rouge e Pretty Woman deviam chegar, não? Há alguns nomeados que pelo amor de Deus, por isso...) e talvez também não seja num filme em que Hilary Swank, como Amelia Earhart, concentra todas as atenções. No entanto, se o filme for um sucesso estrondoso, pode ser que a Academia comece a olhar de facto para um destes dois actores que são, no fim de contas, muito respeitados em Hollywood.
Christian Bale era suposto ser um dos protagonistas - o outro é Depp - do novo filme de Michael Mann, Public Enemies. Mas diz quem o viu que Bale não terá grandes hipóteses em conseguir uma nomeação para melhor actor, mas que com uma campanha incisiva como actor secundário pode ter sucesso. O papel é excelente, o tempo de ecrã é mais que muito, vai depender agora de como os membros da AMPAS olharem para ele (ele já merecia uma nomeação mas tem passado ao lado sempre, mesmo com papéis ao género dos que eles gostam) - se o virem como actor secundário no filme tem grandes chances - e vai depender ainda da recepção do público ao filme (com Depp, Bale e Cotillard e ainda com Channing Tatum e Crudup, duvido muito que o filme falhe nas bilheteiras). Outro dos problemas é se Crudup e até Tatum terão hipóteses também de uma nomeação. Com divisão dos votos, as coisas podem ficar complicadas.
Diz-se que a nova comédia dos irmãos Coen é genial. E se for bem recebida, pode valer a Richard Kind a nomeação. Papéis comédicos não são muito bem sucedidos para Melhores Actores mas na categoria de actor secundário temos visto alguns aparecerem - e alguns bem ortodoxos (ex: Robert Downey Jr. em Tropic Thunder o ano passado). Kind tem talento, é um "character actor" sólido, de confiança, que impõe respeito. Se o papel corresponder... Temos nomeado.
Para Tobey Maguire se safar com Brothers (diz-se que o filme é muito bom), a química entre ele, Natalie Portman e Jake Gylenhaal tem de ser estupenda e além disso tem de ter tempo de ecrã suficiente para se mostrar. E esperar que a Academia goste do filme E que consiga discernir bem quem é que é actor secundário, principal, etc., que as bilheteiras gritem SUCESSO e que a Academia o tenha em consideração na altura da escolha (o filme já estreia naquele período fantástico de Novembro/Dezembro com 1001 filmes a estrear ao mesmo tempo e ninguém me diga que vê 1000 filmes nessa altura, que é mentira. Portanto... O papel é de facto fantástico mas muitos factores estão em jogo.
Liev Schrieber e Émile Hirsch estão no novo filme de Ang Lee, Taking Woodstock. Pelo que se viu do trailer e de Cannes, o filme não ficou muito bem visto. Parece muito longe daquilo que Ang Lee consegue fazer e além disso é muito leve, muito solto, muito difícil de ser levado a sério. De qualquer forma, se alguém tem hipóteses de ser nomeado nesse filme, é um destes dois (ou Imelda Stauton, de quem a Academia gosta). Émile é sempre bom, mas acho que ainda não é este papel que o pode levar à nomeação (apesar de dois bons esforços em Milk e principalmente em Into The Wild - por este devia ter sido nomeado!) Liev Schrieber tem vindo a solidificar a sua posição em Hollywood e a ganhar o respeito dos seus pares. Bom e além disso, aparece muito bem (em Cannes foi o único a dar mesmo nas vistas) num registo que não é normalmente o seu. Há que ficar atento a esta possibilidade.
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