Mas isto já devem ser notícias velhas para vocês (a culpa é minha de não vir actualizar tanto quanto me apetece mas os exames dão cabo de mim). Se não são de todo notícias velhas, consultar o endereço seguinte: http://www.oscars.org/press/pressreleases/2009/20090624.html
Bom... Moving on.
Eu já tinha pensado há algum tempo (final de Maio, início de Junho - quando comecei a fazer as previsões e colocá-las no blogue - eu tenho tendência a colocar 1 categoria por semana para não maçar muito) nos meus cinco nomeados; agora com um campo de 10 as possibilidades alargam - mas também nem tanto.
A Academia não tem problemas no número de nomeados mas sim na mentalidade. O problema é que 50-60% dos membros da AMPAS têm enraizado no seu cérebro que os únicos filmes com valor cinematográfico são os grandes dramas, os filmes de período, os romances épicos, os filmes políticos e os biopics (filmes biográficos). Comédias, filmes animados, filmes de ficção científica, filmes de «auteur» (David Lynch, Quentin Tarantino, Darren Aronofsky, Jonathan Demme, Mike Leigh, Christopher Nolan - quase todos os reconhecidos «auteurs»; bom, Nolan não é um auteur per se mas funciona como um - a saga Batman na sua filmografia foge um pouco aos restantes títulos, filmes de prestígio - do qual Memento sobressai - digam lá se isso não é filme de culto), filmes noir, filmes de terror, blockbusters, entre outros, não são considerados DIGNOS o suficiente para constarem da lista.
O que é que mudou este ano?
Segundo a Academia: querem voltar aos bons velhos tempos de 1937-1943 onde havia 10 nomeados (nesse tempo de facto houveram ilustres nomeados e grandes vencedores como o famosíssimo Gone With The Wind (1939) e o último deles, não menos famoso, Casablanca (1943).
Segundo os cinéfilos e pessoas ligadas ao cinema: O facto de The Dark Knight e Wall-E não constarem entre os cinco nomeados e lá aparecerem filmes ridículos como Frost/Nixon ou The Reader ou Slumdog Millionaire ou The Curious Case of Benjamin Button acabou por partir a corda. E a Academia cedeu (até está a exagerar neste momento: mudou as regras para a categoria de melhor música que torna quase impossível alguém conseguir uma nomeação - o que até é bom; não sei se conseguia aguentar ver o título «Academy Award Nominee» estampado ao lado do nome da Hannah Montana ou da Beyoncé; e agora até já cancelaram da cerimónia os prémios honorários, única ponte entre o passado e o presente - há gente que não gosta mas óbvio que essa é a única forma de muitos e grandes realizadores e actores conseguirem algum reconhecimento pelo seu trabalho)
O que é que isto quer dizer?
Ponto 1: Não vamos ter agora um ano de excelente qualidade cinematográfica com definitivamente os 10 melhores filmes do ano como nomeados (isso NUNCA acontece).
Ponto 2: Possivelmente filmes independentes ou comédias ou filmes animados com grande amor em alguns grupos da Academia poderão ter melhor sorte. O ano passado teríamos seguramente The Dark Knight e Wall-E entre os nomeados o que é bom; o problema é que os outros 3 lugares seriam para Gran Torino, Changeling e Doubt (e o problema mantinha-se); Filmes como Rachel Getting Married ou The Wrestler continuariam sem ter lugar.
Ponto 3: Há anos em que de facto 10 nomeados ajudava a compôr a coisa. Há outros que não: 2007 foi um ano tão bom que aqueles 5 nomeados são de facto o melhor. Se lhes juntássemos outros 5 filmes perdia qualidade.
Ponto 4: O prestígio não é o mesmo para o nomeado. Ser nomeado num grupo de 10 é menos valorizado (porque há menor competitividade) do que num grupo de 5. O prestígio é maior para o vencedor. Ganhar a 9 é melhor que ganhar a 4. E é aí que reside a questão e o verdadeiro interesse desta história: o vencedor será muito mais imprevisível com este novo sistema (isto não quer dizer que não teremos mamutes como o Slumdog, o Titanic ou o Sr. dos Anéis a limpar tudo mas há filmes que agora com 10 não sei ganhavam - ex: Crash, No Country for Old Men, The Departed...)
Se veio para ficar é incerto. Mas uma coisa é no entanto certa: vamos andar a falar disto todo o ano.
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