Castro de Ossela – Algumas
respostas
A propósito das denúncias que têm
vindo a ser expostas por nós, colocamos hoje uma série de questões, às quais iremos dando resposta, com o objectivo de esclarecer o que podem ser pontos
problemáticos para a maioria das pessoas.
1 – Qual a importância do sítio
arqueológico Castro de Ossela?
1 – Qual a importância do Castro de Ossela?
O
Castro de Ossela, localizado no sítio do Crasto, lugar do Carvalhal, freguesia de Ossela, num
esporão sobre o rio Caima, dispondo por isso de boas condições de defesa,
domínio de paisagem e abundantes recursos.
No
topo do povoado implanta-se uma capela, dedicada à Srª do Crasto, cuja
construção, no século XIX, levou ao aplanamento do topo do esporão.
O
local foi escavado, nos inícios do século XX, por Rocha Peixoto, do Museu Municipal
do Porto. Dos resultados materiais da escavação, hoje nada se encontra
identificado (excepção a um peso de tear depositado no Museu Nacional Soares
dos Reis).
Como elementos
defensivos, devia apresentar três linhas de muralhas e um fosso. Há também
relatos de um forno cerâmico, pedras com aparelho almofadado, estruturas
habitacionais de planta circular e rectangular e sepulturas medievais.
Para além de
todos os elementos cerâmicos de cronologia Proto-Histórica, Romana e Medieval,
encontraram-se também vidros, alguns objectos líticos (mós), escória, fíbulas e
fivelas (bronze e ferro), um tesouro numismático de época romana com cronologia
entre o séc. III e V d.C., alguns numismas medievais e, também relacionada com
a ocupação do Castro, um conjunto de braceletes publicadas por Leite de
Vasconcelos, três das quais estão hoje no Museu Nacional de Arqueologia.
Apesar do seu
cariz duvidoso, atribuiu-se ainda ao Castro de Ossela uma inscrição latina que
refere um conjunto de povos e a Legião X.
Apesar dos
danos que a construção da capela já provocou (em obras de requalificação
recentes terão aparecido ossadas), das explorações das pedreiras, das
plantações de espécies como o eucalipto, o sítio continua a ser dotado de uma
importância fulcral para o conhecimento da ocupação do território, possuindo
uma série de características que justificam o investimento em colocá-lo
visitável para o público geral.
A construção
da capela mostra bem o quão importante foi a memória do sítio para Ossela, e a
sua ocupação é conhecida desde o Bronze Final, com importante destaque na
Proto-História, não deixando de ser habitado com a presença romana,
adaptando-se a ela. Sabemos que o sítio foi ocupado de forma intensa e
continuada durante este período. Desconhecemos se foi continuamente ocupado até
ao período medieval, mas foi também, nessa época lugar importante.
Pelos achados
de extrema importância, pela longa ocupação, sucessiva ou não, do esporão do
Castro de Ossela, este sítio constitui um local único, excepcional e de inestimável
valor para o conhecimento da história e da arqueologia do nosso concelho.
Com um
projecto minimamente sustentado, este marco na paisagem de Ossela, poderia
receber visitantes, muito mais que uma vez ao ano, por ocasião da romaria da
Senhora do Crasto.
(Não se
incluíram aqui referências ou citações bibliográficas, que poderão ser
fornecidas a quem as solicitar)
Fernando Neves (Licenciado em Arqueologia)
Mariana Feijão (Mestre em Arqueologia)
Sara Almeida Silva (Mestranda em Arqueologia)
(Naturais e residentes no concelho de Oliveira de Azeméis)
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