quinta-feira, 21 de março de 2013
Destruição de Património Arqueológico no Concelho de Oliveira de Azeméis
Destruição de
Património Arqueológico no Concelho de Oliveira de Azeméis
Oliveira de Azeméis, 21 de Março de 2013.
Vimos, por este meio, comunicar a
nossa preocupação com uma série de ocorrências de destruição contínua, de
vários sítios arqueológicos, no concelho de Oliveira de Azeméis, no último ano.
1 – Outeiro do Crasto (CNS 15365). Local onde actualmente se implanta o
Parque de La-Salette, registado como povoado fortificado e com protecção
consagrada no PDM local (quer no de 1995, quer no recentemente aprovado, de
2012), apesar das alterações urbanísticas a que foi sujeito com a construção do
santuário. As obras de requalificação do parque, que implicaram revolvimento de
terras, não foram dotadas de
acompanhamento arqueológico. (Inícios de 2012)
2 – Monte de São Marcos (Área de Sensibilidade Arqueológica em PDM nº
30). Local cujas referências apontam para a presença de monumentos megalíticos
e arte rupestre. Ocorreram obras de requalificação da capela e área envolvente,
com a construção de um edifício. As obras ocorreram sem acompanhamento arqueológico. (Março de 2012). Veja-se artigo de
opinião no Jornal “Correio de Azeméis”, de 20 de Março de 2012, assinado por
Samuel Oliveira, com o título “Incrível
atentado ao património natural e histórico”.
3 – São Martinho da Gândara ou
Castro de Recarei (CNS 6704). Povoado com ocupação comprovada de época
proto-histórica e romana. Ocorreram terraplanagens, reflorestação e alargamento
de caminhos, com recurso a meios mecânicos, que colocaram à superfície inúmeros
materiais de cronologia proto-histórica, mas maioritariamente, romana. Não houve acompanhamento arqueológico.
Efectuou-se uma queixa ao município
e às entidades de tutela do património. O processo foi arquivado no município,
tendo sido apresentada nova queixa, que levou à reabertura do mesmo.
(Maio/Junho de 2012)
4 – Igreja de Ul (CNS 4656) –
Local próximo do Castro de Ul, onde foram encontradas duas importantes
inscrições. Os relatos apontam para que, nos alicerces da mesma, tenham ficado
outras epígrafes (LEAL:1882; ALMEIDA:1953; SOUSA:1960). Sítio que,
estranhamente, não foi incluído no PDM
2012. Ocorreram obras de requalificação, foram picadas as paredes
exteriores e levantados os azulejos da fachada. No interior da igreja não temos
conhecimento do grau de afectação. Obras
sem acompanhamento arqueológico. (Início de 2013)
5 – Castro da Ossela (CNS 4511),
classificado como Imóvel de Interesse Público. Local com ocupação
proto-histórica e romana, onde foram recolhidas braceletes de ouro (publicadas
por Leite Vasconcelos) e onde se deram trabalhos de escavação pelo Museu
Municipal de Porto, no inicio do séc. XX; registou-se ainda o aparecimento de
um tesouro numismático romano. Foi aberta uma vala (6 m de largura, 25 m de comprimento e 2,8 m de profundidade), bem
como um caminho. Foram detectados à superfície
inúmeros fragmentos de cerâmica de construção, cerâmica comum, escória e pingos
de fundição e o fragmento de uma mó. Foi ainda afectada uma estrutura. Em caminho próximo, encontram-se
depositadas grandes quantidades de materiais arqueológicos. Desconhecemos
detalhes do processo, mas não se verificou
acompanhamento arqueológico. (Março de 2013)
Localização das zonas afectadas (em cima).
Zona de depósito de terras e alguns materiais (5 fotos).
Face à recorrência destas
situações, iremos proceder à comunicação das mesmas às entidades responsáveis
(quer de tutela do património, quer municipais), esperando que a revelação
pública altere o rumo das ocorrências
aqui registadas.
Sabemos ainda que, nos trabalhos
de limpeza de mato e reflorestação, têm
sido descuradas as questões relacionadas com o património arqueológico,
conhecimento este que advém, também, de alguns contactos que recebemos de
outros munícipes preocupados com estas questões.
Tentamos, sempre, por todas as
vias diplomáticas possíveis, alertar os responsáveis da necessidade de
comunicar mais com os proprietários, por forma a evitar este tipo de situações.
Julgamos que, com esta última
situação do Castro de Ossela, se atinge o limite
no que pode ser tolerável quanto às falhas
de gestão e salvaguarda patrimonial.
Desde já agradecemos a vossa
melhor atenção,
Com os nossos melhore
cumprimentos,
Fernando Neves (Licenciado em
Arqueologia)
Mariana Feijão (Mestre em
Arqueologia)
Sara Almeida Silva (Mestranda em
Arqueologia)
(Naturais e residentes no
concelho de Oliveira de Azeméis)
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7 comentários:
Obrigado, por alertarem sobre estes crimes, feitos contra a humanidade, o que é triste é que os nossos autarcas, e até o clero só conseguem ver dinheiro, a cultura e as raízes do povo passam para segundo plano, o dinheiro fala sempre mais alto.
Pedi amizade no Facebook, Aleluia! que há quem também ...
Pedi amizade no Facebook, Aleluia! que há quem também ...
Estas e outras situações graves que acontecem sempre no nosso concelho são fruto da incompetência dos autarcas PSD do Município de Oliveira de Azemeis instalados no poder há mais de 30 anos só para servir a sua clientela política, a preservação do património para quê?... e andam sempre com a cultura na boca para se promoverem.
A destruição do património arqueológico no concelho de Oliveira de Azeméis, não se deve apenas ao poder politico (incapaz e insensível a estes) mas sim também aos profissionais especialistas ao seu serviço, que se estão "borrifando" para o património.
Quando o poder político não tem sensibilidade e a vontade de trabalhar é pouca...
Q estranho isto se passar em Oliveira de Azemeis... o Municipio não tem um arqueólogo?
Agradecemos todos os vossos comentários.
Sr. Miguel Marques, embora pelo que relatamos possa não parecer, sim, existe um técnico de arqueologia na CM.
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