domingo, 6 de setembro de 2009

Europa League e Champions League

Como devem saber, este ano marca a entrada em cena da nova competição da UEFA, a Liga Europa, em substituição da pobre Taça UEFA. É a nova solução milagrosa que a UEFA arranjou para não ter todos os clubes europeus menos cotados à perna por causa dos problemas que as regras da Liga dos Campeões escondem.

Se bem se lembram, a Taça UEFA, que já cá andou com outro nome (primeiro começou como Taça das Cidades com Feira), mudou de modelo há bem pouco tempo... Antes de 2004/05, a prova era disputada em eliminatórias até à final. Era um série de, se bem me lembro, 7 ou 8 eliminatórias. Muitos clubes ficavam pelo caminho sem receber dinheiro quase nenhum e sem fazer mais que dois jogos. O que é inacreditável. E inaceitável. Mudou-se, portanto, em 2004/05, época em que a Taça UEFA terminou em Alvalade. Depois de uma primeira eliminatória de qualificação, criaram-se grupos de 5 elementos em que 3 se apuravam e só se jogava uma vez com cada equipa do grupo. O sorteio ditava se os confrontos eram em casa ou fora. Mais uma vez, injustiça total. Imagine-se que o ano passado o AC Milan calhou com 2 jogos em casa e 2 fora, 2 fora com equipas de leste e em casa com os 3º e 4º classificados aqui da zona central da Europa. Enfim. Maravilha de ranking, é o que tenho a dizer.

Este ano, decidiram inovar. Colocar as 3 qualificações que já haviam e juntar mais uma que em vez de ser uma 1ª eliminatória é agora um play-off. Nada de especial, tudo igual ao que já estava. A diferença está nos grupos: são 12, de A a L, com 4 equipas, com jogos fora e em casa. Assim está mais justo. Os prémios são mais próximos aos valores completamente desproporcionados da Liga dos Campeões. Mas continuamos na 2ª linha europeia.

Foi pedido a Edward Zveig que compusesse o hino da Europa League - coisa que a Taça UEFA nunca teve - para ver se as diferenças para com a Champions League se atenuam ainda mais. E é verdade que até gosto muito do hino, ficando aqui o novo génerico (com o hino, óbvio) para verem:




O principal problema da Liga Europa é conjuntural. Vejamos agora a Champions League. Para a nova época, para «haver mais campeões», segundo David Taylor, secretário-chefe da UEFA, criou-se duas rotas de qualificação: a partir da 2ª eliminatória, temos o 'Champions Path' para clubes que foram campeões dos respectivos países e o 'Non-Champions Path'
para clubes que não foram campeões dos seus países. Resultado: chegámos às últimas eliminatórias com 10 lugares de entrada para os grupos, 5 campeões entram e 5 não-campeões também. Resultado final: 18 do 32 clubes nos grupos são campeões. Mas o que eles não explicam neste discurso é que são 18 clubes campeões, mais 3 clubes italianos, mais 3 clubes ingleses, mais 3 clubes espanhóis, mais 2 alemães, mais 2 franceses e mais 1 russo. Como é que a UEFA quer vir falar de igualdade quando entram os 3 primeiros de Itália, Inglaterra e Espanha directamente? E o 2º holandês, e o 2º ucraniano e o 2º português e o 2º grego (e o 1º grego também, já agora!) têm de passar por qualificações? É como Paulo Bento disse, «para a UEFA importa mais o 4º classificado italiano que o 2º português). É que isto já não é a questão do dinheiro gerado pela competição que está em causa. É o prestígio de cada país nesta organização internacional que está em causa. Ficam inúmeros campeões de fora para estes 3º e 4º classificados entrarem. Está bem que são clubes de prestígio mas não deviam ter mais possibilidades que outros. Se é Liga dos Campeões, os campeões deviam apurar-se directamente. Se há campeões demais, percebo que se crie o tal play-off e mais eliminatórias. Agora não percebo é a entrada directa destes 2º e 3ºs classificados quando há tantos 2º e 3º que ficam de fora. É preciso ter lata.

E é aí precisamente que está também o problema da Liga Europa. É a Liga dos rejeitados. É assim que a Champions e a maioria dos clubes vê a coisa. É a Liga de quem não pode ir à Champions. E é por isso que a competição é rebaixada. O que não devia ser. Antigamente, quando um clube não ia à Champions, tinha que lutar pela Taça das Taças e não havia escândalo. O Barcelona, um dos maiores clubes do mundo, é o clube com mais Taças das Taças. O que quer dizer que falhou a Champions por vários anos. E isso empobreceu o seu historial? Nem por sombras! E o Sevilha? Construiu o ranking que lhe permitiu a entrada directa na Champions este ano na Taça UEFA! É mais elitista por isso? Não!

Então alguém que me explique: por que raio a UEFA insiste em fazer de alguns países a elite do futebol europeu e de outros a chacota? Um destes dias vai ter a ruptura europeia... Porque isto é uma verdadeira faca de dois gumes. Se ajudar os pequenos, os grandes fogem todos (o Arsenal, o Liverpool, o Atlético de Madrid, o Milan... são ricos 3º e 4º classificados que se acham melhores que os outros clubes europeus... e por isso consideram que são dignos de Champions e nada mais) e criam uma liga só deles. Se ajudar os grandes... os pequenos ficam sem nada. E esta é a opção deles e até percebo, porque é a melhor opção. Sabem porquê? Porque os grandes clubes não lhes dão apoio (querem é o dinheiro e a publicidade e isso só os grandes clubes dão) e os pequenos não têm assim poder nenhum para protestar.


É assim a vida. É uma tristeza, mas é verdade. Fica aqui também o genérico novo da Champions (ambos os genéricos são inalteráveis até 2012):


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